Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

D-DÍMERO SUPERIOR A 3.000 NG/ML FEU COMO POSSÍVEL PREDITOR DA ATIVAÇÃO DO SISTEMA COMPLEMENTO NA INFECÇÃO PELO SARS-COV-2 (COVID-19)

  • DGM Catarino,
  • F Moreira,
  • JO Bordin

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S1236 – S1237

Abstract

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Introdução: O complemento e a cascata de coagulação compartilham proteases ativas demostrando sua interconexão. O D-dímero aumentado é um marcador de gravidade em COVID19 e a ativação do complemento tem sido associada à insuficiência respiratória. Objetivo: Avaliar o D-dímero aumentado como possível preditor da ativação do complemento em pacientes com COVID19. Método: Cinquenta pacientes internados com COVID19, confirmados por RT-PCR, e dímero D maior que 3.000 ng/mL de FEU foram recrutados em 2021 após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, foram coletados dados clínicos, epidemiológicos e amostras laboratoriais para avaliação da ativação do complemento, necessidade de suporte ventilatório, presença de trombose e desfecho vital. Resultados: A mediana do tempo decorrido desde o início dos sintomas até a coleta de sangue foi de 15 dias (13,0; 19,0 dias), 72% sexo masculino, idade mediana de 62 anos (53,8; 68,0), 52% hipertensos, 46% obesos, 34% diabéticos, 26% cardiopatas, 10% asmáticos e 6% com diagnóstico prévio de neoplasia. No momento da coleta de sangue, 94% estavam internados em UTI, 64% estavam em ventilação mecânica invasiva, 98% estavam anticoagulados, 100% estavam em uso de corticosteroides, 37% estavam em uso de drogas vasoativas, 6% estavam em diálise, 72% tinham diagnóstico infeccioso presumido ou confirmado além da COVID-19. A amostra foi em 3 grupos de acordo com o perfil de ativação do SC: grupo 1 (G1) - CH50 e AH50 normais; grupo 2 (G2) - ativação do CH50 e AH50 normal; grupo 3 (G3) - ativação de AH50 com ou sem alteraçãode CH50. Observou-se diferença estatisticamente significante entre as medianas de CH50 (p < 0,001), AH50 (p < 0,001); C3 (p = 0,023) e C4 (p = 0,041) entre os 3 grupos independentes. No teste de comparações múltiplas houve diferença significativa no CH50 entre G1 vs G2 (p < ,001); G1 vs G3 (p = 0,005) e G2 vs G3 (p = 0,002). Em relação à AH50 a diferença foi observada em G1vsG3 (p < .001), G2vsG3 (p < .001) e para C3: G2 vs G3 (p = 0,038). Também há diferença estatisticamente significante entre a mediana da contagem de leucócitos (p < 0,001) e neutrófilos (p < 0,001) entre os 3 grupos independentes, sendo maior nos grupos com ativação do complemento (G2 e G3) em relação ao G1. A mediana do dímero-D, ferritina e haptoglobina foi menor no G2 em relação ao G1 e G3, enquanto fibrinogênio, IL-6 e plaquetas foram maiores. A linfopenia foi mais pronunciada no G3. Não se observou diferença estatisticamente significativa nas proporções de trombose confirmada comparadas entre os grupos G1, G2, G3 (p = 0.353); porém houve associação significativa entre a necessidade de suporte respiratório invasivo e a variável grupos segundo teste exato de fisher (p = 0.0109). A proporção de óbito foi de 32.1%, 11.1% e 25.0% nos grupos G1, G2, G3 respectivamente mas na amostra total foi observado diferença estatisticamente significativa em relação à dosagem de fibrinogênio (p = 0.0093); haptoglobina (p = 0.0082) e na dosagem linfócitos (p = 0.0244) em relação ao desfecho vital. Em análise de correlação com toda a amostra, foi observado correlação estatisticamente significative e inversamente proporcional entre o D-dímero e trombomodulina (TM) e D-dímero e C2; e correlação proporcional positiva entre CH50 e AH50; TM e fibrinogênio, C3 em relação à AH50, CH50, C2, C4, C5, fator H e haptoglobina, entre ferritina e haptoglobina, e fator H e fibrinogênio. Conclusão: O D-dímero superior a 3.000 ng/mL de FEU demostrou ser um marcador promissor para a pesquisa da ativação do complemento. Com esses dados, o emprego de terapias com medicamentos inibidores do complemento poderia ser utilizado de modo mais assertivo na COVID-19 e, possivelmente, em outras infeções virais, com possível benefício clínico.