Geologia USP. Série Científica (Jun 2014)
Pirometamorfismo ígneo na Bacia Potiguar, Nordeste do Brasil
Abstract
Na Bacia Potiguar (NE do Brasil), rochas cretáceas (arenitos, siltitos, folhelhos, calcários) são intrudidas por corpos básicos do Paleógeno e Neógeno. Como resultado, formam-se buchitos, rochas pirometamórficas indicativas de pressões muito baixas e altíssimas temperaturas. Observações de campo permitiram distinguir buchitos claros (BCs) e buchitos escuros (BEs), os quais foram investigados com estudos de petrografia, microssonda eletrônica e difração de raios-X. Os BCs contêm abundantes clastos de quartzo circundados por acículas radiais de tridimita, além de fenocristais de sanidina e clinopiroxênio incluídos na matriz vítrea. Os BEs são compostos predominantemente por microcristais de Fe-cordierita (secaninaíta), mullita, armalcolita, ilmenita e espinélio, dispersos em uma matriz criptocristalina escura. Quimicamente, os BCs são mais ricos em SiO2 (~76,7%) e K2O (~5,7%) e empobrecidos em Al2O3 (~12,8%) em relação aos BEs (respectivamente ~51,5, ~0,2 e ~42,7%). Com base em diagramas da literatura, no hábito dos cristais (aciculares, alongados, às vezes ocos) e no significativo conteúdo de material vítreo, considera-se que o líquido formado pela fusão a ~1100 - 1150ºC de material sedimentar resfriou rapidamente a temperaturas elevadas e pressões abaixo de 1 kbar. Os resultados obtidos são relevantes em termos petrológicos e podem igualmente ter implicação econômica, já que grande número de corpos básicos intrude reservatórios de hidrocarbonetos.