Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

ALOIMUNIZAÇÃO EM GESTANTES ATENDIDAS EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA NO SUL DO BRASIL

  • MT Garcia,
  • LO Garcia,
  • DMR Speransa,
  • L Sekine,
  • JPM Franz

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S779 – S780

Abstract

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Objetivos: A aloimunização a antígenos eritrocitários na gestação ocorre quando os fetos expressam na superfície das suas hemácias antígenos exclusivamente de origem paterna, os quais podem chegar à circulação materna, gerar uma resposta imune e sensibilizar a gestante. Dependendo da especificidade, quantidade e afinidade do anticorpo ao antígeno correspondente, a aloimunização pode causar a Doença Hemolítica Perinatal (DHPN) ou complicações mais graves para o feto, como hidropsia fetal e óbito. O objetivo deste trabalho foi analisar os anticorpos presentes no teste de Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI) em gestantes no serviço de Hemoterapia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Material e métodos: Estudo retrospectivo que avaliou 68 gestantes atendidas no HCPA, no período de junho de 2020 a junho de 2023, que apresentaram PAI positivo. Foram realizados os levantamentos através das fichas materno-fetais e sistema informatizado Real Blood. A PAI foi realizada com a metodologia de cartão-gel automatizado. Resultados: Embora o anti-D (46,9%) tenha sido o anticorpo mais frequente, como o esperado, observou-se ainda um número de gestantes aloimunizadas por outros anticorpos de significado clínico como anti-E (8,6%). Das 68 gestantes avaliadas, 54 (79,4%) apresentaram um anticorpo, 12 (17,6) dois anticorpos, 2 (2,9%) três anticorpos. Ao verificarmos os principais anticorpos presentes nas 44 gestantes RhD Negativas, além da predominância de Anti-D (67,9%), observamos anti-E e anti-G (7,1%), anti-C (5,4%), Lea e Leb (3,6%). Observamos que algumas gestantes tiveram mais de um anticorpo (27,9%), sendo Anti-D,E e Anti-D,G (7,0%) e Anti-D,C (4,7%). Das 24 gestantes RhD positivas (35,2%), a maioria dos anticorpos foi indeterminada (19,2%), seguido de Anti-Lea (15,4%) e Anti-E (11,5%). Também foram observados múltiplos anticorpos em 8,3% dessas gestantes, sendo anticorpos anti-Jka,S (4,2%) e Anti-M,S (4,2%). Foi encontrado com menos frequência, em ambos grupos de gestantes, outros anticorpos como: anti-Lea (7,4%), anti-C (4,9%), anti-Leb (4,9%), anti-e (3,7%), anti-M (2,5%), anti-S (2,5%), anti-G (2,5%), anti-c (1,2%), anti-Cw (1,2%), anti-Dia (1,2%), anti-Fya (1,2%), anti-I (1,2%), anti-Jka (1,2%) e anti-K (1,2%), evidenciando a necessidade de pesquisa destes anticorpos não somente em gestantes RhD negativas, mas também como um exame obrigatório no pré-natal. Discussão: A maior parte dos casos graves de DHPN é causada pelo anticorpo Anti-D. Porém, devido às medidas preventivas direcionadas às mães RhD negativas (administração de imunoglobulina humana anti-D) tem sido observada uma diminuição dos casos de aloimunização por anti-D. No entanto, tem se observado a aloimunização por outros anticorpos, e nestes casos, a sensibilização materna (aloimunização) poderá ocorrer nas gestantes independente do fator RhD. Com isso, enfatizamos a necessidade de orientação dos profissionais da saúde sobre a importância da solicitação da PAI para todas as gestantes. Conclusão: Considerando que outros anticorpos, além do anti-D podem desenvolver DHPN, seria importante considerar a possibilidade de realizar a PAI no pré-natal de todas as gestantes, independente da tipagem RhD das mesmas, e seguir reforçando a importância da imunoprofilaxia para anti-D a fim de prevenir eventuais intercorrências nos neonatos.