Revista Estudos Feministas (Dec 2010)

O activismo estético feminista de Nikki Craft Nikki Craft's aesthetic feminist activism

  • Rui Pedro Fonseca

DOI
https://doi.org/10.1590/S0104-026X2010000300008
Journal volume & issue
Vol. 18, no. 3
pp. 765 – 787

Abstract

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Uma das condições para que na sociedade sejam alicerçados valores de género misóginos consiste na existência de uma estrutura de produção cultural heterossexual compulsiva, dominante e universalista que estabeleça princípios de representação dos sexos claramente diferenciados, que tendam a favorecer mais o homem em detrimento da mulher. Partimos de um princípio de que a produção da cultura origina processos de reprodução, o que significa, em termos práticos, que a representação de signos, códigos, valores e comportamentos associados aos sexos é potencialmente materializada nas sociedades, por homens e por mulheres. Essa tem sido uma batalha levada a cabo por muitas mulheres a partir da segunda vaga do movimento feminista, nomeadamente pela ala mais radical, que tem procurado reivindicar novos paradigmas no que diz respeito às convenções culturais de género. O que propomos neste estudo é analisar algumas das campanhas levadas a cabo por Nikki Craft, uma feminista radical norte-americana que viria a organizar e/ou a protagonizar nos anos 1970 e 1980 vários protestos em espaços públicos de algumas cidades dos Estados Unidos. Neste estudo procuramos clarificar as motivações e as estratégias levadas a cabo por essa feminista, cujos activismos incidiram contra algumas das estruturas culturais (campo da arte, instituições da beleza e indústria pornográfica) legitimadoras de representações desencadeadoras de prejuízos para a mulherOne of the conditions for misogynic genders to be settled in society consists on the existence of a compulsive dominant and universal heterosexual cultural production, which establishes clearly differentiated representation principles of both sexes. These representation principles tend to favour more the man, disregarding the woman. We consider that culture production gives origin to reproduction processes, which means that, in practical terms, the representation of signs, codes, values, and behaviors associated to the sexes are potentially materialized in societies by both men and women. This has been one battle that several women have embraced after the second wave of the feminist movement, namely by the most radical wing. In this battle it tries to claim for new paradigms regarding gender cultural conventions. In this study we propose to analyze some of the campaigns developed by Nikki Craft, a radical North-American feminist who, in the 70s and 80s, would organize and/or lead several protests in public spaces in some cities around the United States. This analysis intends to clarify the motivations and strategies taken by this feminist, whose activisms aimed at several cultural structures (the art world, beauty institutions, and the pornographic industry) that legitimate representations harmful to women

Keywords