Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS CASOS DE SÍFILIS GESTACIONAL NO BRASIL NO PERÍODO DE 2012 A 2021

  • Pedro Henrique Nunes Barra,
  • Clara Bunge Reis,
  • Murilo Santos Temponi,
  • Sara Silveira Lopes Ribeiro Benjamin,
  • Ana Carolina Maia Alfonzo,
  • Milena Roberta Freire da Silva

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103122

Abstract

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Introdução: A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema Pallidum. A taxa de detecção de sífilis em gestantes elevou-se 3,6 vezes quando comparados os anos de 2011 e 2017. Até o momento, existem poucos estudos que comparam a epidemiologia entre as regiões do Brasil. O objetivo foi analisar os dados epidemiológicos dos casos notificados de sífilis gestacional no Brasil. Metodologia: Estudo epidemiológico observacional do tipo análise de série temporal, a partir de dados extraídos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e originários do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). Os participantes selecionados foram mulheres, grávidas, brasileiras, diagnosticadas com sífilis no período de 2012 a 2021. Ademais, foram selecionadas regiões de notificação, ano de diagnóstico, faixa etária, escolaridade e classificação clínica, analisadas por meio de estatística descritiva. Resultados: Foram registrados 395.483 casos de Sífilis Gestacional (SG). O Sudeste foi a região com maior notificação de casos (46,38%) e o Centro-Oeste com a menor (8,09%). Houve um aumento de 105,22% no número de casos notificados no ano de 2012 (29.919) comparados com 2020 (61.402), sendo 2018 o ano com maior número de casos (63.250). A maior frequência foi observada em gestantes que apresentavam da quinta a oitava série do ensino fundamental incompleta, em todas as regiões, exceto no Sudeste, no qual as gestantes com ensino médio completo foram as mais acometidas (20,04%). A faixa etária mais afetada foi a de 20 a 39 anos (71,90%). A Sífilis Latente (SL) foi a mais comum (31,92%), seguida da Sífilis Primária (SP) (27,93%). Entre as regiões, a SP foi mais comum no Norte (43,75%), Nordeste (30,16%), Sul (31,94%) e Centro-Oeste (28,03%) e a SL no Sudeste (40,95%). Conclusões: Observou-se um aumento significativo no número de casos de SG no Brasil, sendo a região Sudeste responsável por quase metade da totalidade dos casos. Além disso, o Sudeste apresentou uma maior ocorrência de SL e em gestantes com grau de escolaridade mais elevado, diferentemente do encontrado nas demais regiões, onde predominou a SP e em gestantes com baixo grau de escolaridade. Os achados estão em conformidade com a literatura, exceto a maior ocorrência de SL em comparação com a SP, que difere do encontrado em outras publicações. Uma possível explicação para esse fato é o grande número de casos de SL presentes no Sudeste.

Keywords