Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

JORNADA DO PACIENTE COM LINFOMA DA CÉLULA DO MANTO RECIDIVADO OU REFRATÁRIO NO BRASIL - UMA ANÁLISE DO REGISTRO BRASILEIRO

  • LG Brito,
  • MGM Moura,
  • BS Sabioni,
  • SAB Brasil,
  • C Arrais,
  • V Pfister,
  • RC Samico,
  • VV Santos,
  • R Schaffel

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S299

Abstract

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Introdução: O Linfoma da Célula do Manto (LCM) é uma doença rara e de mau prognóstico, sendo necessário várias linhas de tratamento. Muitos tratamentos são inacessíveis aos pacientes do SUS. Avaliar a evolução dos pacientes com LCM permite identificar pontos de falha do acompanhamento e intervenção médica, sendo de suma importância para um melhor desfecho dos pacientes fora dos estudos clínicos. Objetivo: Analisar as proporções de pacientes com LCM ativo que passaram por uma ou mais linhas de tratamento e avaliar a proporção da resposta ao tratamento desses pacientes, comparando o setor público e privado para comparação com a literatura. Material e métodos: Análise do banco de dados do Estudo Brasileiro de Linfoma da Célula do Manto (REDCap, J Biomed Inform. 2009;42:377-81) onde estão incluídos 214 pacientes com diagnóstico de LCM entre 2010 e 2022. Para este trabalho, a análise foi fechada em 06/08/2024. Os pacientes foram incluídos de 13 centros de 7 cidades brasileiras, sendo 7 públicos, 5 privados e 1 público-privado. Foram selecionados 192 pacientes que iniciaram algum tipo de tratamento. Resultados: 192 pacientes iniciaram um tratamento de primeira linha. 134 pacientes apresentaram recidiva ou refratariedade, mas apenas 104 (78%) iniciaram um tratamento de segunda linha. Durante o seguimento, recidiva ou refratariedade à segunda linha foi documentada em 80 pacientes e apenas 43 (54%) foram submetidos a uma terceira linha. Entre os 37 pacientes que não iniciaram a terceira linha, 24 foram a óbito em diferentes períodos (14 pacientes em até 3 meses do início do tratamento (32%), 6 entre 3 meses e 12 meses (16%), 4 após 12 meses (11%), 6 pacientes permaneceram com LCM ativo até a data de coleta dos dados (16%) e em 7 pacientes não foi possível a coleta do desfecho. 72 pacientes foram atendidos em Instituições privadas e iniciaram um tratamento de primeira linha, 51 pacientes apresentaram recidiva ou progressão mas apenas 39 (76%) iniciaram um tratamento de segunda linha. 27 pacientes apresentaram recidiva ou refratariedade em segunda linha e 13 (48%) foram submetidos a uma terceira linha de tratamento. Já naqueles tratados no SUS, 120 pacientes iniciaram um tratamento de primeira linha. 82 pacientes apresentaram recidiva ou refratariedade, mas apenas 65 (79%) iniciaram um tratamento de segunda linha. Destes, 53 pacientes apresentaram recidiva e ou refratariedade e 30 (57%) foram submetidos a uma terceira linha. Discussão: Um considerável número de pacientes com LCM não recebe tratamentos subsequentes a despeito de permanecerem com doença ativa, principalmente após a segunda linha. A maioria destes pacientes faleceram. As causas para este problema não estão claras. Algumas hipóteses podem ser levantadas, como a alta toxicidade do tratamento, a demora para identificar a recidiva e a perda de seguimento dos pacientes em remissão. Surpreendentemente, não encontramos diferenças significativas entre pacientes do SUS ou da saúde suplementar. No entanto, não analisamos o tipo de tratamento recebido. Para a apresentação no Congresso, atualizaremos estes fatores bem como a resposta ao tratamento dos pacientes submetidos a cada linha de tratamento. Conclusão: A maioria dos pacientes com LCM recebe uma segunda linha de tratamento, o que não ocorre para as linhas subsequentes. Não encontramos diferença entre pacientes tratados no SUS ou na saúde suplementar.