Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

ANÁLISE DO PERFIL DAS REAÇÕES TRANSFUSIONAIS EM PACIENTES ATENDIDOS EM HOSPITAL PÚBLICO QUATERNÁRIO NO ESTADO DE MINAS GERAIS

  • SEBJ Neves,
  • LMB Batista,
  • NM Bernardes,
  • WSV Júnior,
  • SA Santana,
  • KL Prata

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S760 – S761

Abstract

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Introdução: As reações transfusionais podem ser definidas como uma resposta indesejada observada em um receptor, temporalmente associada com a administração de um produto sanguíneo. Cerca de 1% dos produtos transfundidos resultam em reações adversas graves, sendo fundamental ações de hemovigilância a fim de prevenir e reduzir a ocorrência de eventos indesejáveis secundários ao uso terapêutico dos hemocomponentes. Objetivando conhecer o perfil de incidência das reações transfusionais em hospital público quaternário foi realizado um estudo retrospectivo e descritivo por meio da avaliação das fichas de notificação das reações transfusionais ocorridas entre janeiro de 2015 a dezembro de 2022. Resultados: Foram notificadas 348 reações transfusionais, em um total de 121.734 hemocomponentes transfundidos, correspondendo aproximadamente a uma taxa de ocorrência de 0,3% ao ano. A maioria das notificações foi de pacientes na faixa etária de 0‒17 anos, o que corresponde a 36,7% dos casos notificados, sem predominância de gênero (50,3% vs. 49,7% para homens e mulheres, respectivamente). Quanto às unidades notificadoras, 29,6% das reações ocorreram em enfermarias clínicas, seguido de 24,1% em setores de atendimento pediátrico. Sobre o diagnóstico clínico desses pacientes, 61,5% eram portadores de doenças hematológicas, especialmente LMA (19,3%) e LLA (12,9%). As menores incidências foram dos casos cirúrgicos (4,6%) e obstétricos (2,3%). O hemocomponente mais implicado em reações transfusionais foram as plaquetas, correspondendo a 49,7% dos casos, seguido de 39,6% para as hemácias. As reações mais prevalentes foram as imediatas (98,3%), sendo a alérgica responsável por 46% dos casos seguida da febril não hemolítica e da sobrecarga volêmica (TACO), 43,4% e 2,3%, respectivamente. Apenas 1,7% das reações foram tardias. Acerca da gravidade, 57,2% das reações foram leves, mas houve um óbito associado a transfusão (0,3%). A maioria das reações (31,9%) foram descritas como provável após investigação segundo critérios do Manual Conceitual e Operacional de Hemovigilância (2015). Discussão: O perfil epidemiológico das reações transfusionais descrito acima está em consonânciacom dados mundiais, que descrevem uma incidência de 3 reações a cada 1000 transfusões, bem como dados brasileiros, que mostram que os pacientes oncohematológicos recebem inúmeras transfusões ao longo do tratamento, estando mais suscetíveis a ocorrência de reações transfusionais. A baixa prevalência das reações transfusionais tardias pode sugerir uma subnotificação destas, situação que se configura como uma realidade na maioria dos serviços de hemoterapia do país. Em relação ao óbito isolado ocorrido no referido período, este foi secundário a TACO, no contexto de neonato com cardiopatia congênita grave, confirmando dados da literatura que descreve aumento do riscode ocorrência deste tipo de reação em pacientes com fatores predisponentes adicionais, como portadores de doenças cardíacas, insuficiência renal, neonatos e idosos. Conclusão: Conhecer o perfil de ocorrência de reações transfusionais em hospital quaternário de grande porte que atende pacientes com alta demanda transfusional incentiva o aprimoramento das ações internas de hemovigilânciae propiciao aumento da segurança transfusional.