Interseções (Jun 2017)
Percepções e afetos de policiais federais: interações com estudantes estrangeiros
Abstract
Os contatos de estrangeiros com representantes do Estado que desempenham papéis de controle da ordem social e repressão à sua infração frequentemente são marcados por um clima de desconfiança. No caso dos migrantes internacionais, a apresentação à Polícia Federal, por qualquer motivo, representa um momento tenso em que paira o sentimento de se ter feito algo errado, mesmo quando isso não procede. Paralelamente, intelectuais voltados para o estudo de imigrantes no Brasil têm dado preferência a investigar os processos migratórios na perspectiva dos que migram ou dos que os recebem, mas tendem a deixar de lado os agentes estatais mediadores que definem a condição de regularidade e legalidade de estrangeiros no país. A referência a eles tende a carregar pressupostos e pré-conceitos, cujo ponto de partida e chegada é o entendimento de que estrangeiros e agentes estatais estão em posição de confronto em grande parte das vezes. Diante disso, este trabalho pretende discutir etnograficamente o modo como alguns representantes da Delegacia de Migração da Polícia Federal em João Pessoa (PB) percebem a si mesmos no desempenho de seu oficio policial no contato cotidiano com estrangeiros regulares na Paraíba, suas visões sobre a instituição à qual pertencem e suas percepções de mundo no que tange ao contato com migrantes internacionais. Os primeiros dados da pesquisa apontam para a sensibilidade de alguns membros da Delegacia que superam as expectativas meramente burocráticas no desempenho das funções profissionais cotidianas, revelando desejos e práticas de solidariedade e hospitalidade em relação a estrangeiros regulares no estado.
Keywords