Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

INFLUÊNCIA DO TEMPO E TEMPERATURA DE ESTOCAGEM NA MORFOLOGIA DO SANGUE PERIFÉRICO EM K3EDTA

  • AF Ferreira,
  • GFS Sousa,
  • R Catelan,
  • G Mecabo

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S93

Abstract

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Objetivo: Avaliar a influência do tempo e temperatura de estocagem na análise morfológica do sangue periférico coletadas com K3EDTA, a fim de delimitar as alterações da morfologia após coleta. Materiais e métodos: Após a aprovação do CEP-CAAE 70684823.5.0000.0109 da UNIPAR, foram avaliadas 40 amostras coletadas em K3EDTA de 20 voluntários (colaboradores UNILABOR) que assinaram o TCLE. Foram incluídos no estudo indivíduos com ausência de sintomatologia e/ou diagnóstico prévio. As amostras foram coletadas em duplicata e divididas em dois grupos de 20, sendo TA: armazenado em temperatura ambiente à 20ºC, processados após coleta no analisador hematológico DxH 800 Beckman Coulter® e confeccionado o esfregaço por Wright-Giemsa; e TR: armazenado em temperatura refrigerada entre 2ºa 8ºC. As amostras foram re-confecionadas em esfregaço nos tempos de 3, 8, 12, 24, 48 e 72 horas após a coleta. Resultados: Dos participantes, 80% eram do sexo feminino com mediana de idade de 32 anos (20 —-— 50). Na análise morfológica dos eritrócitos em TA, notou-se a formação de equinocitose artefatual após 8 horas em 35% dos casos (n = 7) e as alterações se acentuaram consideravelmente em 12 horas. A partir de 24 horas, 100% das amostras demonstraram equinócitos. Nos leucócitos, observou-se discretos sinais de células lisadas e picnose nuclear em 10% das amostras (n = 2) a partir de 12 horas e as alterações se acentuaram em 24 horas, afetando 65% (n = 13). Após 48 horas da coleta, 100% das amostras cursavam com estas alterações. Também, foi observado vacuolização citoplasmática nos neutrófilos em 35% (n = 7). Avaliação plaquetária: não houve alterações notórias. Em TR, os eritrócitos demonstraram maior estabilidade pois somente após 48 horas foi evidente a equinocitose em 100% das amostras. Os leucócitos permaneceram estáveis até 12 horas. As alterações ocorreram de modo mais considerável em 70% (n = 14) após 48 horas. Sinais degenerativos mostraram-se acentuados em 100% dos casos em 72 horas, sendo frequente a ocorrência de células lisadas em 85% (n = 17) e picnose nuclear em 65% (n = 13). Quanto as plaquetas em TR, houve formação de agregados plaquetários em 50% das amostras (n = 10) a partir de 72 horas. Discussão: Os dados encontrados corroboram com informações já relatadas como a presença de equinocitose. No entanto, eritrócitos normais são pouco afetados quando conservados em TA por até 6 horas (Bain, 2006). Nos leucócitos também foram descritos picnose nuclear e vacuolização citoplasmática em função da fagocitose do anticoagulante. Além disso, este trabalho valida as evidências de que não há alterações morfológicas plaquetárias expressivas em função do tempo e temperatura de estocagem (Dalanhol et al., 2010). É fundamental que o processamento do hemograma, bem como a confecção do esfregaço sanguíneo seja realizado, sempre que possível, com tempo inferior a três horas, já que, após esse período, as alterações morfológicas começam a acontecer e após 12 a 18 horas, tornam-se mais evidentes (Joshi, 2015; Bain, 2006). Conclusão: É perceptível que os ambos os modos de estocagem promovem alterações artefatuais significativas, entretanto o armazenamento das amostras em TR retarda em pelo menos 12 horas o processo de degeneração celular. Desta forma, é prudente o processamento das amostras em até 12 horas para temperatura ambiente e em até 24 horas sob refrigeração, em condições normais.