Revista de Saúde Pública (Oct 1994)

Hábitos alimentares aterogênicos de grupos populacionais em área metropolitana da região sudeste do Brasil Atherogenic alimentary habits of population groups in a metropolitan area of southeastern Brazil

  • Ignez Salas Martins,
  • Rosa Nilda Mazzilli,
  • Rosário Alonso Nieto,
  • Elaine Donizeti Alvares,
  • Rosely Oshiro,
  • Maria de Fátima Nunes Marucci,
  • Monica Inês Casajus

DOI
https://doi.org/10.1590/S0034-89101994000500008
Journal volume & issue
Vol. 28, no. 5
pp. 349 – 356

Abstract

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Em amostra representativa da população de duas áreas de estudo (568 indivíduos), Município de Cotia, SP, Brasil, foi realizado inquérito alimentar, baseado na história alimentar do indivíduo. Os objetivos foram: identificar o potencial aterogênico de dietas de diferentes agrupamentos humanos, estratificados em classes sociais e analisar diferenciais de consumo de alguns nutrientes, que conferem aterogenicidade à dieta entre esses agrupamentos. Foram analisados diferenciais de consumo, entre homens e mulheres, segundo classes sociais e tomando-se como referência o percentil 50 (P50) da amostra, dos seguintes constituintes da dieta: energia, proteínas totais, proteínas de origem animal, percentagem de calorias protéicas (P%), ácidos graxos, gorduras, carboidratos. Seguindo esse critério, foram analisados perfis de dieta em relação às recomendações do National Cholesterol Education Program (NEP) no que diz respeito às calorias fornecidas pelas gorduras (G >30%), ac. graxos saturados (AGS> 10%), carboidratos (HC>60%) e colesterol (>300mg/dia). Os resultados mostraram que os diferenciais de consumo foram mais pronunciados entre os homens do que entre as mulheres. As classes sociais, entre os homens, que apresentaram maiores percentuais acima do P50 da amostra, no que diz respeito à energia , proteínas totais, gorduras e carboidratos, foram as representadas pelos trabalhadores não qualificados, que se dedicam a trabalhos braçais com alto consumo energético e a dos pequenos proprietários e comerciantes. A classe de maior poder aquisitivo e nível educacional apresentou consumo moderado desses constituintes. O consumo de proteínas de origem animal, acima do P50, entre homens e mulheres, guardou relação direta com o nível socioeconômico da classe . A participação calórica das gorduras (G%) e proteínas (P%) foi diretamente proporcional ao poder aquisitivo da classe, ao passo que a dos carboidratos (HC%) guardou relação inversa. Por outro lado, o consumo de colesterol acima de 300mg/dia situou-se nas faixas de 37 a 50% e de 20 a 32% para os homens e mulheres, respectivamente. A percentagem de dietas com calorias provenientes das gorduras (G%) acima de 30% variou de 25 a 40%, para os homens e de 45 a 50% para as mulheres. A participação dos ácidos graxos saturados (AGS%) em proporções maiores ou iguais a 10 foi relativamente baixa para ambos os sexos: de 5 a 17% para os homens e menos de 10% para as mulheres. Os percentuais de casos em que a relação ácidos graxos saturados e insaturados (AGS/AGI) guardou valores menores ou iguais a 1, também foi baixa para a população em geral; situou-se entre 7 e 22% para os homens e em proporções abaixo de 10%, para as mulheres. Concluiu-se que a dieta se apresenta como provável fator de risco de doenças cardiovasculares, dislipidemias, obesidade e hipertensão, para grande parte da população.This present study is one part of the project "Atherosclerotic cardiovascular diseases, lipemic disorders, hypertension, obesity and diabetes mellitus in a population of the metropolitan area of S. Paulo, Brazil" undertaken in Cotia county. An alimentary inquiry based on the alimentary history of the individual was carried out among a sub-sample of the population (568 individuals). The objectives of the inquiry are the following: a)- the identification of the atherogenic potential of the diets of different human groups, stratified according to social class and b) the analysis of consumption differentials of some nutrients, which confer atherogenicity to the diet, as between social classes. The consumption differentials were analyzed as between men and women, by social class and taking the 50th percentile (P50) of the sample as the standard of reference, with regard to the following dietary constituents: energy, total proteins, proteins of animal origin, percentages of protein calories (P%), fatty acids, fats (F%) and carbohydrates (CH%). Also, according to this criterion,some diet profiles were analyzed in the light of the recommendations of the National Cholesterol Education Program (NEP) as regards the calorie supplied by fats(F%), saturated fatty acids (SFA%), carbohydrates (CH%) and cholesterol (>300 mg/day). The following were the findings obtained: the consumption differentials were more pronounced among the men. The social class which presented the largest percentages above the P50 of the sample, with regard to energy, total proteins, fats and carbohydrates, were the non-specialized workers, i.e. the manual laborers who have a high expendure of energy, and that of small property owners and shop-keepers who lead a sedentary life. The class of the greatest acquisitive power and highest educational level presented a moderate consumption of these constituents. On the other hand, the consumption of the proteins of animal origin, above the P50, among men and women, maintained a direct relationship with socioeconomic level. The proportion of calories coming from fats (F%) and protein (P%) was directly proportional to the acquisitive power of the class, while that of carbohydrates (CH%) presented an inverse relationship. On the other hand, the consumption of cholesterol in excess of 300mg/day was found to between 37 and 50% and 20 and 32% for men and women, respectively. The percentage of diets with more than 30% of calories coming from fats (F%) varied from 25 to 40% for men and 45 to 50% for women. The participation of the saturated fatty acids(SFA%) in proportions greater or equal to 10 was relatively low for both sexes: being of 5 to 17% for the men and of less than 10% for the women. The percentages of cases in the relationship saturated to unsaturated fatty acids (SFA/UFA) maintaining values less than 1% was also low for the population in general, being of 7 and 22% for the men and less than 10% for the women. It is concluded that diet probably is an important risk factor in cardiovascular diseases, lipemic disorders, obesity and hypertension, for a large part of the population , mainly for the small property owners and shop-keepers, is viable.

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