Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
CONTROLE DE TEMPO DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS COMO ESTRATÉGIA DE GARANTIA DA QUALIDADE
Abstract
O tempo de atendimento em situações de urgência transfusional é um indicador crucial da qualidade da assistência prestada. A demora no atendimento pode levar a piora do quadro clínico do paciente, aumento da mortalidade e insatisfação dos usuários. Objetivo: Analisar a relação entre o controle do tempo de atendimento às urgências e a Portaria nº158/2016 do Ministério da saúde. Trata-se de um trabalho descritivo realizado em um serviço de hemoterapia de Sergipe, no período de janeiro a dezembro de 2023. De acordo com a referida portaria a transfusão pode ser programada para determinado dia e hora, de rotina a se realizar em até 24h, de urgência a se realizar em até 3h e de emergência quando o retardo da transfusão pode acarretar risco para a vida. No IHHS para as transfusões de urgência é estabelecido uma meta de 1h e 40min para o atendimento, esse controle é feito através de registro do horário que foi solicitado pela equipe médica e do horário em que a bolsa foi instalada. Esses registros são avaliados todas as terças-feiras pela gestão da qualidade onde é gerado o indicador semanal, que é discutido com a equipe para verificar os desvios da meta e os motivos dos mesmos, para que as devidas tratativas sejam realizadas. Resultados e discussão: Ao considerar os resultados mensais do ano de 2023, verificou-se que o mês que apresentou maior agilidade no atendimento foi fevereiro com média de 1h e 12min, tendo sido atendidas 60 solicitações e o mês de maio foi o que teve o maior desvio da meta com média de atendimento de 1h e 54min, com um total de 154 solicitações, 156% a mais do que fevereiro. Vale ressaltar que algumas variáveis podem influenciar neste tempo de atendimento, dentre eles o número de solicitações por dia, disponibilidade do hemocomponente para uso, tempo de translado do motorista, fatores inerentes ao paciente, entre outros. A média anual de tempo de atendimento de 2023 foi de 1 hora e 34 minutos e constatou-se que a meta estabelecida foi atingida em 10 meses do ano e apenas 2 meses performaram acima, 1 com 10min e 14min acima do preconizado pela instituição. Entretendo, mesmo tendo 2 meses com desvio da meta, os resultados atendem às diretrizes da Portaria nº158/2016 em relação ao tempo de atendimento às urgências. Dentre os principais motivos que fizeram a meta ser ultrapassada nos meses de abril e maio estão: paciente aguardando passagem de PICC, equipe aguardando liberação médica, motorista em trânsito e falta de assinatura médica no termo de consentimento, evidenciando que a maioria dos fatores que atrasam as transfusões são inerentes à processos do hospital ou condições clínicas do paciente e não problemas provenientes da equipe do banco de sangue. Conclusão: A prática de controle semanal do tempo de atendimento às urgências mostrou-se como um modelo eficaz de controle dos atendimentos e da análise dos motivos de retardamento da transfusão, contribuindo para a melhoria contínua da qualidade da assistência prestada. Como desfecho secundário, sugere-se buscar estratégias de melhoria da comunicação entre as equipes médica e do banco de sangue para agilizar a liberação das solicitações de transfusão, a revisão dos processos internos do hospital para identificar gargalos que podem estar atrasando o tempo de resposta do banco de sangue e a capacitação contínua do corpo clínico sobre os protocolos de transfusão e os requisitos da Portaria nº158/2016.