Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

O RESGATE DE VÍNCULOS INTERROMPIDOS EM UTI NEONATAL

  • H Chiattone,
  • RC Rocha,
  • AR Toledo,
  • ABS Oliveira,
  • SS Lima,
  • CB Oliveira,
  • FT Florentino,
  • B Rebecchi,
  • JC Rodrigues,
  • KCR Sousa

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S1208

Abstract

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A internação de um paciente em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal causa forte impacto familiar contrastando com o que foi idealizado na gravidez. A família apresenta sentimentos confusos e ambivalentes desencadeando uma série de fatores estressantes, sentimentos de culpa, ansiedade, medo, depressão e raiva. Acresce-se o fato que o afastamento da criança gera frustração e desapontamento e, conforme a gravidade do quadro clínico, a família pode se deparar com um futuro incerto. Entre os fatores geradores de sofrimento está a restrição de visitas da mãe, devido intercorrência clinica no parto e no pós-parto, ou ainda por diagnostico de doenças infecto contagiosas, neste caso liberada somente a visita para o genitor ou avós de acordo com as regras de cada instituição. Neste cenário, a mãe pode entrar em sofrimento emocional em decorrência da ameaça do rompimento familiar e/ou fragilidade da construção desses laços. Sendo assim, o olhar atento do psicólogo para este membro familiar se faz importante, assim como o desenvolvimento de rotinas de inclusão na UTIN. Objetivo: Relatar a experiência de visitas virtuais como estratégia institucional de apoio ao paciente em cuidados intensivos neonatais. Material/método: Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, conduzido na rotina do Serviço de Psicologia Hospitalar em parceria com a Enfermagem do Hospital São Luiz, Unidade Anália Franco - SP, no período de 2023 a 2024. Utilizamos a pesquisa retrospectiva de evoluções de prontuários no sistema Tasy e as planilhas diárias de controle de atendimentos do Serviço de Psicologia Hospitalar, além da planilha de produção mensal. A amostra foi composta por 77 chamadas de vídeo, abrangendo 127 familiares. Na UTI Neonatal foram realizadas 55 visitas virtuais, seguidas de 15 visitas virtuais na UTI Adulto, 06 na Maternidade e 01 na UTI Cardiológica. Resultado: O protocolo de chamadas de vídeo entre a mãe e bebê segue quatro etapas principais: desejo materno, autorização da equipe médica e assistencial, realização da chamada de vídeo pela equipe de Psicologia e acompanhamento materno pós-chamada de vídeo realizada. Assim, previamente ao convite para a realização da chama de vídeo, é realizado atendimento e avaliação da genitora do recém-nascido (RN), com o objetivo de compreender o desejo materno, a dinâmica familiar e qualidade da comunicação estabelecida sobre o contexto de internação do RN. A partir do que é avaliado, a mãe é acolhida acerca do momento da visita e reações esperadas diante do contexto vivenciado. No dia e horário, pré-estabelecido, a chamada de vídeo inicia com o acolhimento à genitora, condução da visita virtual e fechamento, oferecendo o apoio psicológico à genitora e demais familiares que estejam presentes no momento. Na sequência, em caso de internação da genitora, realiza-se atendimento psicológico pós visita, mantendo-se o acompanhamento. Conclusão: Observa-se, no seguimento do acompanhamento com as famílias, que a chamada de vídeo entre o RN e a genitora contribui com a redução das angústias manifestadas, favorecendo uma maior adaptação familiar ao contexto da UTIN. Igualmente, o impacto positivo também se dá a partir da redução da sensação de distanciamento entre os mesmo e fantasias de exclusão à família. Consequentemente, a construção desta nova configuração familiar pelo rompimento da ordem natural do curso da formação dos vínculos familiares decorrente da internação do RN e restrição da visita presencial temporária da genitora.