Revista Colombiana de Sociología (Jun 2017)
A memória social: uma ferramenta da justiça de transição no Chile e na Coreia do Sul
Abstract
Este artigo explora os conceitos de memória social, cultural e coletiva, e examina como as políticas da memória implantadas na justiça de transição e nas narrativas da memória social, fruto das comissões da verdade, levam à deslegitimação de regimes autoritários e ao empoderamento e à participação cívica de grupos marginalizados nos casos do Chile e da Coreia do Sul. Nesta, a memória da vítima-herói tem servido para deslegitimar o regime antidemocrático anterior, mas não tem conseguido superar a polarização política existente. Enquanto no Chile, a memória dos abusos contra os direitos humanos tem deslegitimado a ditadura e fundamentado a ação de um movimento político de esquerda, mas não tem conseguido conectar com sucesso as violações dos direitos humanos do passado com as atuais. Este artigo se baseia nos resultados do projeto interdisciplinar “O impacto dos mecanismos de justiça de transição na construção de instituições democráticas”. Utiliza-se uma metodologia qualitativa de comparação internacional de estudos de caso, por meio da análise secundária de dados, entrevistas e visitas de campo. Considerando os mecanismos sociais e culturais que participam da construção da memória social, conclui-se que a recordação de eventos atrozes como prática social se dá quase que de maneira espontânea, mas sua incorporação em políticas oficiais de justiça de transição requer esforços conjuntos e a participação de grupos portadores de memória (carrier groups) na esfera pública. Portanto, é necessário entender como esses processos de construção de memória social acontecem e em que medida contribuem para a transformação social necessária para o fortalecimento da democracia em sociedades de transição. Além disso, este artigo traz algumas recomendações que podem ser consideradas para o caso colombiano.
Keywords