Raído (Apr 2012)
A Argélia em Camus: o caso de “a mulher adúltera”
Abstract
Um dos problemas da História Literária diz respeito à tarefa de classificar os escritores de acordo com sua nacionalidade. A classificação de autores do século XX, por exemplo, século marcado pelo aumento intensivo do fluxo migratório, enfrenta, comumente, as contradições que derivam da própria constituição do indivíduo contemporâneo. É o caso do escritor Albert Camus. Nascido na Argélia, na época uma colônia francesa, Camus construiu maior parte de sua carreira literária na França. Nos compêndios de literatura francesa, seu nome surge como um de seus cânones; entretanto, o caráter existencial e filosófico de sua literatura faz com que críticos o caracterizem como um escritor universal. Entre essas duas definições, surge a influência de seu país de origem e as inevitáveis marcas da relação colonial. Mas diferente de escritores que desenvolveram uma literatura de temática colonial ou pós-colonial, Camus voltou-se para questões tidas como “universais”. Como podemos pensar, então, a “presença argelina” em Camus? Este artigo se propõe a discutir como essas relações inter-culturais influenciam a literatura camusiana, tomando como exemplo o conto “A mulher adúltera”.