Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

A RELAÇÃO ENTRE O AUMENTO DOS CASOS DE TROMBOSE E A COVID NO BRASIL DURANTE A PANDEMIA

  • PS Araújo,
  • AML Leão,
  • CCA Ferreira,
  • IND Santos,
  • BPF Rocha,
  • IS Machado,
  • IG Cosso,
  • I Terror,
  • IF Oliveira,
  • VA Silveira

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S1057 – S1058

Abstract

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O ano de 2020 foi marcado pelo início da pandemia decorrente da extensa contaminação pelo vírus COVID-19. Esse vírus gera uma resposta desregulada progressiva, com inflamação sistêmica excessiva, ativação plaquetária, disfunção endotelial e estase sanguínea. Ocorrem a síntese de IL-6 e outros mediadores inflamatórios, o que ativa o sistema complemento e a cascata de coagulação, causando um momento de hipercoagulabilidade que potencializa o risco de ocorrerem tromboses. Manifestações pós-vacinais também podem ocorrer para esse vírus, conhecido pela sigla VITT (Vaccine-induced immune thrombotic thrombocytopenia). Portanto, pode-se inferir que, durante o período pandêmico causado pela propagação disseminada do SARS-CoV-2, observou-se um aumento no índice de casos e óbitos por tromboses no Brasil. Objetivo: Analisar a relação entre o aumento dos casos de trombose e a infecção por COVID-19 no Brasil, com base em evidências recentes e dados epidemiológicos atualizados e correlacionados ao tema. O presente trabalho se concentrará em avaliar e compreender como a COVID-19 contribui para o aumento de casos de trombose, especialmente em comparação com as taxas associadas às vacinas e à população geral, além de fornecer uma visão crítica das implicações clínicas e de saúde pública desse fenômeno. Resultado: A partir de um estudo de pesquisadores da Universidade de Oxford foi indicado que o risco de ocorrer trombose venosa cerebral (CVT, no acrônimo em inglês) em pessoas com Covid-19 é consideravelmente maior do que nas que receberam vacinas baseadas na tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), como os imunizantes da Pfizer, Moderna e Oxford/AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A pesquisa Trombose venosa cerebral: um estudo de coorte retrospectivo de 513.284 casos de Covid-19 confirmados e uma comparação com 489.871 pessoas recebendo vacina de mRNA reuniu diversos pesquisadores que relatam que “Embora a magnitude do risco não possa ser quantificada com certeza, o risco após a Covid-19 é aproximadamente de 8 a 10 vezes o relatado para as vacinas, e cerca de 100 vezes maior em comparação com a taxa da população. O aumento do indice de CVT com a Covid-19 é notável, sendo muito mais marcante do que os riscos aumentados para outras formas de acidente vascular cerebral e hemorragia cerebral”. Metodologia: O trabalho foi executado como revisão bibliografica, onde elaborou-se um estudo descritivo qualitativo Sobre a relação entre o aumento de casos de trombose e a COVID no Brasil durante a pandemia. Discussão: Um estudo recente realizado na Suécia e publicado na revista British Medical Journal (BMJ) aponta que uma pessoa que teve Covid-19 têm maior risco de desenvolver um coágulo sanguíneo grave dentro de seis meses após ter a doença.Já pesquisa da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) apresentou que 82% dos angiologistas e cirurgiões vasculares relataram casos de pacientes que contraíram o coronavírus e tiveram trombose nos membros inferiores. Em resumo, a pandemia de COVID-19, iniciada em 2020, trouxe um aumento significativo nos casos de trombose no Brasil, tanto devido à infecção pelo vírus quanto às manifestações pós-vacinais, como a VITT. A resposta inflamatória intensa e a hipercoagulabilidade induzida pelo SARS-CoV-2 resultaram em um aumento dos eventos trombóticos, incluindo trombose venosa cerebral e trombose da veia porta. Estudos, como o da Universidade de Oxford, demonstram que o risco de trombose em pacientes com COVID-19 é consideravelmente maior em comparação com aqueles que receberam vacinas de mRNA. Este trabalho, reforça a necessidade de estratégias de prevenção e manejo para mitigar os riscos de trombose em tempos de pandemia.