DST (Feb 2022)

A violência, a mulher detenta e a vulnerabilidade às DST/Aids

  • Annecy T. Giordani,
  • Sonia M.V. Bruno

Journal volume & issue
Vol. 11, no. 6

Abstract

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Procuramos investigar qual a percepção que as detentas têm sobre a violência, detectando seus problemas e conseqüentes riscos de infecção pelo HIV-Aids. Desenvolvemos uma pesquisa-ação, humanista e qualitativa, identificando com as mulheres seus problemas relativos à violência, trabalhando com elas, posteriormente, a intervenção, usando a metodologia participativa. Pesquisamos todas detentas (11), daquele local. Usamos a entrevista individual, norteada por questões abertas. A intervenção através de oficinas pedagógicas. Frente a violência sexual, todas abominam-na revelando ter temor. Algumas revelaram já terem sido violentadas, resultando em traumas profundos. Quanto suas experiências como vítimas, quase todas foram espancadas e/ou estupradas. Enquanto vitima de violência sexual, quase metade refere ter sido violentada pelo namorado ou tio. Muitas revelaram mágoa e fragilidade neste sentido, afirmando: "senti muito mal com isso a vida inteira ... , sinto mal até hoje só de pensar", "sou revoltada com isso", "ele fez sexo ... (anal) comigo, violentamente, me abalou demais", "fiquei traumatizada ... mãos atadas ... ". Algumas descreveram que o motivo que as levaram ao cárcere, foi o envolvimento com homens que mexiam com drogas ... Destacam ainda, o desrespeito que os soldados têm com elas, muitas vezes, sendo vitimas de espancamento e de violência sexual, representando verdadeira ameaça p'ara a infecção das DST / Aids. Concluimos que os relatos apresentados são carregados de trauma, inconformismo, rancor e revolta. Atribuem ao desemprego e à pobreza, fatores indicativos de violência, revelando conflitos e desolações ao mencionarem suas experiências de agressões sexuais, expondo-as aos riscos de infecção das DST e HIV/ Aids.

Keywords