Brazilian Journal of Empirical Legal Studies (Jun 2020)

"O rio da secura deságua na guerra”

  • Thayla Fernandes da Conceição

DOI
https://doi.org/10.19092/reed.v7i2.465
Journal volume & issue
Vol. 7, no. 2

Abstract

Read online

A cidade do Rio de Janeiro, ao tornar-se palco de diversos Grandes Eventos, foi apresentada como uma marca, a “Rio2016”, cujo slogan oficial é “A New World”, o que revela a opção pela adequação às diretrizes do mundo globalizado a partir do “norte”, que encara as cidades enquanto commodities, mercadorias (Vainer, 2000). Neste dito new world, a ideia da integração entre as forças de segurança/controle e o aprimoramento do Sistema Integrado de Comando e Controle (SICC), surge como um dos maiores legados e se materializa no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), prédio-sede para a desejada articulação das forças de segurança atuantes na cidade que se responsabilizariam pela garantia dos espetáculos em questão. Passados os eventos, anuncia-se uma nova grande crise no campo da segurança pública e no CICC se instala o gabinete da intervenção federal militar, solução política-institucional adotada para a referida crise. Utilizamos aqui, portanto, o CICC como uma linha de percurso analítico e simbólico para construirmos um arco narrativo sobre a passagem dos Grandes Eventos à decretação da intervenção, com foco nas problemáticas do campo da segurança pública, com destaque para os discursos das autoridades referentes e a instrumentalização de dados sobre a crise. Valemo-nos, por exemplo, das contribuições de Stephen Graham (2016) sobre o “novo urbanismo militar”, de Bruno Cardoso (2014) sobre o próprio CICC e de Vera Malaguti sobre a cidade do Rio e seus sentimentos políticos, principalmente o medo (2003).

Keywords