Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-218 - O PAPEL DA COLETA DE DADOS EPIDEMIOLÓGICOS NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE CHOQUE SÉPTICO EM PACIENTES COM FEBRE MACULOSA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DOS ÚLTIMOS 10 ANOS

  • Evelyn Basilio da Silva,
  • Rafael Augusto de Souza Santos,
  • Ruan Gomez Carvalho Martins,
  • Amanda Stefani Fernandes Donon,
  • Carolaine Cristina Quirino,
  • Ana Júlia Fragoso Dias Rodrigues,
  • Maria Clara Caparroz Cassioti,
  • Marcela dos Santos de Deus,
  • Luah da Silva Ishikawa Manhani

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104137

Abstract

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Introdução: A febre maculosa é causada por uma bactéria intracelular obrigatória que apresenta tropismo importante para o endotélio vascular, sendo assim capaz de proporcionar uma vasculite sistêmica, ocasionando microtrombos, hemorragias e aumento da permeabilidade vascular. Com o avançar da infecção e a demora no diagnóstico e início do tratamento, a doença consegue desencadear choque séptico e levar à morte. Objetivo: Analisar os possíveis fatores que levam a evolução para choque séptico em pacientes com febre maculosa nos útimos 10 anos. Método: Foram avaliados os artigos que continham as palavras-chave ''choque séptico febre maculosa'' e ''choque séptico febre maculosa das montanhas rochosas'' nas plataformas de pesquisa: GOOGLE ACADÊMICO, BVS SAÚDE E PUBMED. Foram considerados aqueles publicados no período de 2014 a 2024, que abordaram a presença da evolução para choque séptico em pacientes previamente infectados pela febre maculosa. Foram excluídos os artigos e estudos que não contemplavam o objetivo do estudo, anteriores à data mínima ou que não continham ao menos o resumo disponível. Resultados: Foram selecionados 35 artigos. Da análise de conteúdo explicativa emergiram três temas principais: (1) o quadro inicial apresenta-se de forma inespecífica, especialmente nos primeiros dias pós-infecção, com 6 trabalhos; (2) a coleta adequada dos dados epidemiológicos e a detecção da presença ou não da vivência do paciente em regiões endêmicas auxiliam no momento do diagnóstico, com 5 trabalhos; e, (3) o atraso do diagnóstico e início do tratamento específico contribui para o avanço da doença e aumenta a sua morbimortalidade, com 6 trabalhos. Totalizando 41 pacientes observados, destes 16 evoluíram para óbito. Conclusão: É possível aferir que, devido ao quadro inicial inespecífico, especialmente nos primeiros dias, a identificação precoce da infecção por febre maculosa tem se mostrado a maior dificuldade dos profissionais da saúde. No entanto, por outro lado, a coleta assertiva dos dados epidemiológicos trazidos pelos pacientes, são os principais fatores que implicam diretamente para o diagnóstico preciso e início precoce do tratamento que é tão crucial para evitar o óbito desses indivíduos. Com isso, observa-se que, embora seja uma doença com profilaxia simples e vetor sabidamente bem conhecido, a anamnese adequada bem como o direcionamento correto sobre os sintomas - mesmo que inespecíficos -, é capaz de ser o ponto de virada entre a cura e o desenrolar do quadro crítico capaz de evoluir o paciente para a morte.