Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
EP-393 - PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE TOXOPLASMOSE CONGÊNITA NO BRASIL: 2019-2023
Abstract
Introdução: Na toxoplasmose congênita (TC), há infecção fetal pelo protozoário Toxoplasma gondii. A transmissão dá-se por via hematogênica transplacentária com risco de ocorrência de 40%, cuja frequência eleva-se com o transcorrer da gestação. A gravidade sintomática varia inversamente ao risco de transmissão na gestação, com manifestações subclínicas nos fetos infectados no 2° e 3° trimestres e graves nos de 1° trimestre, como coriorretinite, calcificações cerebrais e convulsões, retardo mental/psicomotor e alterações de volume craniano (Tétrade de Sabin), até óbito fetal/neonatal. Diante da alta prevalência de anticorpos anti T. gondii na população brasileira (50-80%), embora geralmente assintomática, da possibilidade de infecção toxoplásmica e de repercussões fetais/neonatais potencialmente graves, somada à monitorização insipiente e notificação compulsória precoce (2016), além da dificuldade diagnóstica, justifica-se compreender a epidemiologia da TC. Objetivo: Visa-se analisar a epidemiologia da TC no Brasil. Método: Estudo retrospectivo ecológico descritivo, cujos dados advêm do Sistema de Informações de Agravos de Notificações do SUS (SINAN/DataSUS) e provêm do tabulador – TABNET/TABWIN. São variáveis o ano (2019-2023), região (centro-oeste, nordeste, norte, sudeste e sul), número de casos confirmados ou não, municípios de extrema pobreza e cura e óbito como resultados da evolução do agravo. Resultados: No período visto, existem 32.320 casos notificados de TC e 18.792 (58,14%) confirmados, sendo 7,6, 12,9, 19,9, 23,8 e 35,6%, respectivamente, correspondentes às regiões norte, centro-oeste, sul, nordeste, sudeste. Comparando os casos confirmados em 2019 (1.642) e 2023 (5.341), há um aumento de 225,27%. Ademais, veem-se 2.040 (10,8%) casos de TC confirmados em municípios de extrema pobreza, prevalecendo a região nordeste (55,9%), enquanto 16.750 (90,2%) ‘não’ - destaque ao sudeste (38,2%). A taxa de cura é de 51,44% (9.667 notificações), enquanto a de óbitos pelo agravo 1,04% (196). Conclusão: Não obstante os óbitos pelo agravo representem uma pequena parte dos desfechos da evolução da TC, a taxa de cura, a elevada incidência no Brasil, traduzida pelo crescimento de 225,27% no número de casos confirmados nas 5 regiões, apesar do início do registro compulsório via SINAN apenas em 2016, somado às complicações clínicas, justificam maior atenção à situação epidemiológica da TC. Ainda, a concentração dos casos em municípios de ‘não’ extrema pobreza traduz a descentralização das medidas de combate à doença.