Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA EM GESTANTE ADOLESCENTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

  • CO Costa,
  • AFC Fernandes,
  • AFT Rocha,
  • EG Figueiredo,
  • IM Barbosa,
  • MC Tupinambá

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S270 – S271

Abstract

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Introdução: O diagnóstico de câncer durante a gestação é uma condição de alto risco a saúde da gestante, podendo causar repercussões emocionais, além de grande preocupação aos profissionais de saúde envolvidos no acompanhamento da paciente relacionado, à conduta terapêutica e ao prognóstico, sendo necessário avaliar o risco materno e as consequências para o feto, bem como as repercussões para o futuro reprodutivo da mulher. Objetivo: Relatar a experiência de Enfermeiros Oncologistas na assistência de uma paciente diagnosticada com Leucemia Mieloide Aguda grávida no segundo trimestre da gestação em um hospital de referência no estado do Ceará. Método: Estudo descritivo, tipo relato de experiência vivenciado por enfermeiros oncologistas em um hospital público terciário em Fortaleza-CE. Resultados: Paciente de 17 anos, gestante (IG:18s5d) com diagnóstico de LMA, apresentou mielograma com 39% de blastos. Hemograma inicial mostrou leucocitose com 10% de blastos e plaquetopenia. A equipe de saúde conversou com a paciente e familiares sobre a gravidade do quadro e chances de desfecho desfavorável da gestação, e que o tratamento da doença requer urgência com risco de morte para a paciente. A paciente e os responsáveis entenderam os riscos associados a tal condição, tendo optado pela não interrupção da gestação. Iniciada administração pelos enfermeiros da citorredução com hidroxiureia 3 g/d e citarabina conforme prescrição médica, por leucocitose importante. Realizada administração do protocolo quimioterápico de indução (7+3 DAUNO 90) e MADIT. Após administração do protocolo foi realizado novo mielograma evidenciando 3% de blastos, tendo a paciente atingido a remissão citomorfológica com doença residual mínima negativa. Em ultrassonografia obstétrica evidenciou embrião vivo, bulhas cardiofetais presentes, porém com restrição de crescimento. Não foi indicada interrupção da gestação pela equipe, pois a idade gestacional já estava em 22 semanas. Paciente foi acompanhada durante toda a gestação, tendo dado continuidade ao tratamento. A criança nasceu sem nenhuma malformação ou condições patológicas identificadas ao nascimento. A mãe recebeu alta por remissão completa da doença. Seguindo em acompanhamento ambulatorial. Destaca-se o grande dilema vivenciado por toda a equipe multiprofissional ao ter que decidir um tratamento que reduzisse o máximo do risco a vida da adolescente, assim como garantir o mínimo de segurança para o feto, considerando a escolha da gestante pela não interrupção da gestação. Conclusão: É importante a atuação de equipe multidisciplinar com participação multidisciplinar e multiprofissional com: obstetras, pediatras, hematologistas, psicólogos, fisioterapeutas, enfermeiros e assistente social que, em conjunto, devem considerar o estágio e agressividade do câncer, a idade gestacional, os fatores maternos e fetais associados, bem como respeitar as autonomia da paciente, após orientação clara e objetiva na tomada de decisões sobre as condutas propostas.Os enfermeiros Oncologistas tiveram um papel extremamente importante em todas as etapas do tratamento, ao orientar sobre o tratamento, sobre as possíveis complicações, ao administrar os antineoplásicos e monitorar intensivamente os possíveis efeitos colaterais, além de acolher a gestante de forma empática.