Ensino em Re-vista (Jun 2022)
Apresentação
Abstract
A sociedade vive em um contexto de abundância informacional, da hiperconectividade e de complexas relações sócio-políticas em que as crenças e o viés emocional parecem influenciar mais a agenda pública do que os fatos e evidências. Observamos a opinião pública ser movimentada por coletivos móveis nos quais algum indivíduo ou diferentes grupos podem estabelecer verdades à margem dos fatos e fazê-las circular velozmente, o que embaralha o discernimento e a possibilidade de reflexão. Esse fenômeno está indubitavelmente relacionado a crise de confiança em relação a ciência, ao transbordamento e saturação da informação nas práticas cotidianas e ao acirramento do debate político. São muitas as questões em contraponto: a circulação de informações falsas, a polarização política e ideológica, os movimentos negacionistas, os grupos adidos em bolhas informacionais que rejeitam certas evidências e consensos científicos (não existem mudanças climáticas, o terraplanismo passou a ser defendido amplamente, o movimento antivacina cresceu numa proporção considerável, dentre outros), ataques às instituições de ensino e pesquisa e a circulação da ideia de que a produção científica e os pesquisadores pouco contribuem para o desenvolvimento econômico e social do país. Ensinar e aprender Geografia em tempos de acirramento do debate político, contradições e ambiguidades, é um desafio considerável para os professores de Geografia, pois cada vez mais o seu fazer teórico-prático está sendo confrontado com a proliferação da perda de autoridade docente e de confrontos provocados, também, pela polarização política.