Revista Ciências em Saúde (Jan 2012)

Reflexões Sobre o Autocuidado Praticado na Velhice / Reflection on Self Care Practices in the Elderly

  • Sônia Azevedo Menezes Prata Silva Fuentes,
  • Elisabeth Frolich Mercadante

DOI
https://doi.org/10.21876/rcsfmit.v2i1.516
Journal volume & issue
Vol. 2, no. 1
pp. 2 – 11

Abstract

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INTRODUÇÃO O tema de minha pesquisa, enquanto aluna do curso de mestrado do Programa de Gerontologia da PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) foi “As várias faces do cuidar de si”. Ao longo do desenvolvimento da pesquisa, senti-me envolvida e estimulada pelos estudos filosóficos, em especial, pelos conceitos elaborados por Michael Foucault no que concerne aos preceitos de “cuidar de si”. Percebi que o cuidar de si, para Foucault, vai para além da simples prática dos cuidados físicos. Há de se fundir tal conceito à função ética do “cuidar de si”, ética entendida como escolha autônoma do sujeito, com o consequente desenvolvimento da liberdade de escolha do quê, como e quando realizar o “cuidar de si”. Descobrir se os profissionais que trabalham e/ou estudam/pesquisam o envelhecimento/velhice praticam o autocuidado foi uma das cinco questões da pesquisa realizada com vista à elaboração da dissertação de mestrado intitulada “As várias faces do cuidar de si”, em 2010. Na pesquisa, entrevistei dez profissionais que estudam e/ou trabalham com questões relacionadas ao envelhecimento. Trata-se, portanto, de pessoas que trabalham nas mais diversas áreas do conhecimento: psicólogos, assistente social, antropólogo, cientista social, médicos geriatras, professor, diretor de instituição de idosos, jornalista e administrador. Esses profissionais representam diferentes instituições de renome, tais como Unifesp, Hospital das Clínicas, PUC/SP, Hospital do Servidor Público de São Paulo, Bradesco Previdência, SESC/SP, AFAI (Associação dos Amigos de Idosos) e IDEAC (Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Pesquisa sobre o envelhecimento/velhice). A questão “Você pratica o autocuidado?” foi, a meu ver, a questão que mais impactou os entrevistados. Muitos iniciaram suas respostas com justificativas diversas por não considerar que se cuidam adequadamente. Observei que os profissionais se sentiram cobrados, de uma forma ou de outra, a cuidar de si. Mas cobrados por quem? Por mim? Pelo discurso pronto que absorvemos todos os dias e que habita nosso imaginário social? A questão será analisada a seguir. Se refletirmos sobre a palavra autocuidado, a nomenclatura já dirá: auto remete-nos a algo singular, único, do sujeito, pessoal e intransferível.