Jornal Vascular Brasileiro (Jun 2010)
Fatores envolvidos na migração das endopróteses em pacientes submetidos ao tratamento endovascular do aneurisma da aorta abdominal Factors involved in the migration of endoprosthesis in patients undergoing endovascular aneurysm repair
Abstract
A migração da endoprótese é complicação do tratamento endovascular definida como deslocamento da ancoragem inicial. Para avaliação da migração, verifica-se a posição da endoprótese em relação a determinada região anatômica. Considerando o aneurisma da aorta abdominal infrarrenal, a área proximal de referência consiste na origem da artéria renal mais baixa e, na região distal, situa-se nas artérias ilíacas internas. Os pacientes deverão ser monitorizados por longos períodos, a fim de serem identificadas migrações, visto que estas ocorrem normalmente após 2 anos de implante. Para evitar migrações, forças mecânicas que propiciam fixação, determinadas por características dos dispositivos e incorporação da endoprótese, devem predominar sobre forças gravitacionais e hemodinâmicas que tendem a arrastar a prótese no sentido caudal. Angulação, extensão e diâmetro do colo, além da medida transversa do saco aneurismático, são importantes aspectos morfológicos do aneurisma relacionados à migração. Com relação à técnica, não se recomenda implante de endopróteses com sobredimensionamento excessivo (> 30%), por provocar dilatação do colo do aneurisma, além de dobras e vazamentos proximais que também contribuem para a migração. Por outro lado, endopróteses com mecanismos adicionais de fixação (ganchos, farpas e fixação suprarrenal) parecem apresentar menos migrações. O processo de incorporação das endopróteses ocorre parcialmente e parece não ser suficiente para impedir migrações tardias. Nesse sentido, estudos experimentais com endopróteses de maior porosidade e uso de substâncias que permitam maior fibroplasia e aderência da prótese à artéria vêm sendo realizados e parecem ser promissores. Esses aspectos serão discutidos nesta revisão.Migration of the endoprosthesis is defined as the misplacement of its initial fixation. To assess the migration, the position of the endoprosthesis regarding a certain anatomic region is verified. Considering the aneurysm of the infrarenal abdominal aorta, the proximal area of reference is the origin of the lowest renal artery and, at the distal region, it is located next to the internal iliac arteries. Patients should be monitored for long periods so that migrations can be identified; these migrations usually occur 2 years after the implantation. To avoid migrations, mechanical forces that enable fixation and that are determined by the characteristics of the devices and by the incorporation of the endoprosthesis should predominate over gravitational and hemodynamic forces, which tend to drag the prosthesis toward to caudal direction. Angulation, extension, and diameter of the neck, and transversal measure of the aneurysmatic sac are important morphological aspects related to migration. In relation to the technique, endoprosthesis implantation with excessive oversizing (> 30%) is not recommended because it leads to aortic neck dilatation, folds and proximal leakage that also contribute to migration. On the other hand, endoprosthesis with additional fixation devices (hooks, barbs and suprarenal fixation) seem to be less associated with migration. The process of endoprosthesis incorporation is partial and does not seem to be enough to prevent later migrations. In this sense, experimental studies with endoprosthesis of higher porosity, as well as the use of substances that allow higher fibroplasia and adherence of the prosthesis to the artery, have been conducted and are promising. Such aspects are discussed in the present review of the literature.
Keywords