Ecos do Minho (Jun 2017)
Encefalite neonatal a Parechovirus – um agente pouco suspeito
Abstract
A encefalite neonatal a parechovirus é uma situação potencialmente grave e que pode originar sequelas neurológicas irreversíveis. Descreve-se o caso de um recém-nascido com encefalite a parechovirus, cuja sintomatologia inicial foi irritabilidade e recusa alimentar. Posteriormente apresentou convulsões, de difícil cedência à terapêutica farmacológica. O eletroencefalograma e a ressonância magnética crânio-encefálica mostraram-se alterados, as análises séricas não revelaram parâmetros de infeção, assim como os exames citológico e bacteriológico do líquido cefalorraquidiano. O diagnóstico foi efetuado por método Polymerase Chain Reaction (PCR) do líquido cefalorraquidiano. O recém-nascido apresentou boa evolução clínica. A propósito deste caso alerta-se para a variabilidade clínica desta infeção, dependendo do serotipo viral, e para a sintomatologia inespecífica, gravidade clínica e evolução célere da doença no período neonatal. Realçamos a necessidade da caracterização epidemiológica nacional, quanto à prevalência dos vários subtipos de parechovirus, e da realização de mais estudos sobre esquemas de imunização e terapêutica antiviral eficazes, face ao risco elevado de doença neurológica grave.