Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (Apr 1991)

Reações de hipersensibilidade imediatas após uso intravenoso de soros antivenenos: valor prognóstico dos testes de sensibilidade intradérmicos Immediate hypersensitivity reactions following intravenous use of antivenom sera: predictive value of hypersensitivity skin test

  • Palmira Cupo,
  • Marisa M. Azevedo-Marques,
  • João B. de Menezes,
  • Sylvia E. Hering

DOI
https://doi.org/10.1590/S0036-46651991000200005
Journal volume & issue
Vol. 33, no. 2
pp. 115 – 122

Abstract

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Foram admitidos no Hospital das Clínicas da FMRPUSP, durante os anos de 1983 a 1988, 494 pacientes vítimas de acidentes ofídicos e escorpiônicos que receberam soro antiveneno (SAV) e nos quais foi avaliada a freqüência e tipo das manifestações imediatas, bem como o valor prognóstico do teste de sensibilidade. Do total de pacientes vítimas de ofidismo, 82 (25,6%) apresentaram reações imediatas, das quais as mais comuns foram as cutâneas, isoladas (40%) ou associadas com sintomas respiratórios (19%), seguidas de manifestações gastrintestinais (17%). Choque anafilático foi detectado em 10 pacientes (12%). Em relação aos acidentes escorpiônicos, reações imediatas foram observadas em 13 pacientes (7,5%), também com predomínio de lesões cutâneas. Sintomatologia cardiocirculatória foi detectada em apenas 1 paciente. Devido ao baixo valor preditivo positivo (31,8%) e à baixa sensibilidade (54,6%), propomos que o teste de sensibilidade intradérmico seja abolido da rotina de atendimento de urgência aos pacientes vítimas de acidentes por animais peçonhentos. Anti-histamínicos (bloqueadores dos receptores H1 e H2) e corticosteróides devem ser administrados por via parenteral anteriormente à soroterapia, no sentido de prevenir ou minimizar as reações de hipersensibilidade imediatas que podem ocorrer. O soro antiveneno deve ser sempre administrado por via intravenosa, de preferência sem diluição, gota a gota, durante 15 a 30 minutos, sob contínua supervisão da equipe médica.The frequency and class of immediate-type hypersensitivity manifestations were studied in 494 snakebitten and scorpion stung patients who were treated with intravenous injections of antivenom sera. These patients were admitted to HC-FMRPUSP from 1983 to 1988. The effectiveness of a hypersensitivity skin test was also investigated. Eighty two out of 320 patients admitted following snake bites (25.6%) had immediate-type reactions consisting of isolated skin lesions (40%), skin lesions plus respiratory manifestations (19%) and gastrointestinal involvement (17%). Anaphylactic shock ocurred in ten patients (12%). Thirteen out of 174 patients admitted following scorpion stings had immediate-type reactions (7.5%). There was also a preponderance of skin reactions. Anaphylactic shock was observed in one patient. The positive predictive value of hypersensitivity skin test was 31.8% and its sensibility was 54.8%. These data show that a hypersensitivity skin test is inefective in predicting immediate-type hypersensitivity manifestations in patients given snake and scorpion antivenom. Considering these results, this test should be eliminated as a routine procedure when treating victims of poisonous animals. These studies indicate that prior to the administration of antivenom anti-hystamine (H1 and H2-antagonists) as well corticosteroids should be given by i.v. route in order to prevent or reduce hypersensitivity reactions. Antivenom sera must always be given under continuous medical surveillance by an intravenous route, without dilution, drop by drop for 15-30 minutes.

Keywords