Revista Brasileira de Anestesiologia (Oct 2007)

Estudo prospectivo das repercussões de baixas doses de remifentanil na função sinoatrial e na condução e refratariedade cardíaca Estudio prospectivo de las repercusiones de bajas dosis de remifentanil en la función sinoatrial en la conducción y refractariedad cardiaca Prospective study on the repercussions of low doses of remifentanil on sinoatrial function and in cardiac conduction and refractory period

  • Simone Soares Leite,
  • Elizabeth Bessadas Penna Firme,
  • Márcia Santana Bevilaqua,
  • Leonel dos Santos Pereira,
  • Jacob Atié

DOI
https://doi.org/10.1590/S0034-70942007000500002
Journal volume & issue
Vol. 57, no. 5
pp. 465 – 475

Abstract

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JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O remifentanil é um opióide com início e término de ação rápidos, cujo uso em procedimentos de curta duração vem se propagando nos últimos anos. Entre os efeitos colaterais descritos, há relatos de bradicardia e assistolia. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos desse fármaco na condução e refratariedade cardíaca, em humanos. MÉTODO: Estudo prospectivo de 16 pacientes, entre 18 e 65 anos, de ambos os sexos, ASA I a III, submetidos a estudo eletrofisiológico intracardíaco eletivo. Foram excluídos os pacientes com doença do nódulo sinoatrial e os portadores de bloqueios cardíacos graves. No laboratório de eletrofisiologia, os pacientes foram inicialmente sedados com midazolam (0,03 mg.kg-1), após 5 minutos (M0) avaliou-se o grau de sedação de intensidade de dor, pressões arteriais sistólica e diastólica, freqüências cardíaca e respiratória e saturação de oxigênio. O eletrofisiologista avaliou as variáveis de condução cardíaca (duração do QRS, intervalos AA, AH, HV e PA), o tempo de recuperação do nódulo sinoatrial e as variáveis de refratariedade cardíaca (período refratário do átrio direito, período refratário do ventrículo direito e período refratário do nódulo atrioventricular). Após as medidas iniciais o remifentanil foi introduzido (bolus de 0,5 µg.kg-1 + infusão de 0,05 µg.kg-1.min-1) e após 20 minutos as mesmas variáveis foram reavaliadas (M1). RESULTADOS: Observou-se diminuição das pressões sistólica e diastólica (p = 0,0001) entre M0 e M1, sem diferença estatística significativa da freqüência respiratória ou da saturação de oxigênio. Houve aumento do intervalo átrio-His (p = 0,006) e do tempo de recuperação do nódulo sinoatrial (p = 0,0004), do período refratário do átrio direito (p = 0,001) e do período refratário do nódulo atrioventricular (p = 0,0001), porém não houve diminuição da freqüência cardíaca basal entre M0 e M1. CONCLUSÕES: O remifentanil alterou as variáveis eletrofisiológicas cardíacas, o que em doses maiores que as estudadas poderiam causar bradicardia sinusal, assistolia e distúrbios de condução.JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: El remifentanil es un opioide con inicio y fin de acción rápidos, cuyo uso en procedimientos de corta duración se ha venido propagando en los últimos años. Entre los efectos colaterales descritos, hay relatos de bradicardia y asistolia. El objetivo de este estudio fue evaluar los efectos de este fármaco en la conducción y refractariedad cardíaca, en humanos. MÉTODO: Estudio prospectivo de 16 pacientes, entre 18 y 65 años, de ambos sexos, ASA I a III, que se sometieron a estudio electrofisiológico intra cardiaco electivo. Se excluyeron pacientes con enfermedades del nódulo sino-atrial y los portadores de bloqueos cardíacos graves. En el laboratorio de electrofisiologia, los pacientes fueron inicialmente sedados con midazolam (0,03 mg.kg-1), 5 minutos después (M0) se evaluó el grado de sedación e intensidad de dolor, presiones arteriales sistólica y diastólica, frecuencias cardíaca y respiratoria y saturación de oxígeno. El electrofisiologista evaluó las variables de conducción cardíaca (duración del QRS, intervalos AA, AH, HV y PA), el tiempo de recuperación del nódulo sino-atrial y las variables de refractariedad cardíaca (período refractario del atrio derecho, período refractario del ventrículo derecho y período refractario del nódulo atrio ventricular). Después de las medidas iniciales el remifentanil fue introducido (bolo de 0,5 µg.kg-1 + infusión de 0,05 µg.kg-1.min-1) y después de 20 minutos las mismas variables fueron evaluadas nuevamente (M1). RESULTADOS: Se observó disminución de las presiones sistólica y diastólica (p = 0.0001) entre M0 y M1, sin diferencia estadística significativa de la frecuencia respiratoria o de la saturación de oxígeno. Hubo aumento del intervalo atrio-His (p = 0,006) y del tiempo de recuperación del nódulo sino-atrial (p = 0,0004), del período refractario del atrio derecho (p = 0,001) y del período refractario del nódulo atrio ventricular (p = 0,0001), pero no hubo disminución de la frecuencia cardíaca basal entre M0 e M1. CONCLUSIONES: El remifentanil altero las variables electrofisiológicas cardíacas, lo que en dosis mayores que las estudiadas podría causar bradicardia sinusal, asistolia y disturbios de conducción.BACKGROUND AND OBJECTIVES: Remifentanil is an opiod with fast onset of action and short acting, and its use in short-duration procedures has increased in the last few years. Bradycardia and asystole are among the side effects reported. The objective of this study was to evaluate the effects of this drug in cardiac conduction and refractory period in human beings. METHODS: A prospective study with 16 patients, ages 18 to 65, both genders, ASA I to III, undergoing elective intracardiac electrophysiological study, was undertaken. Patients with disorders of the sinoatrial node and those with severe cardiac blocks were excluded. In the laboratory of electrophysiology, patients were sedated with midazolam (0.03 mg.kg-1) after 5 minutes the degree of sedation and degree of pain, systolic and diastolic blood pressure, heart rate and respiratory rate, and oxygen saturation were evaluated. The electrophysiologist evaluated cardiac conduction (duration of the QRS complex, and AA, AH, HV, and PA intervals), duration of sinoatrial node recovery, and cardiac refractory period (refractory period of the right atrium, right ventricle, and atrioventricular node). After the initial measurements, remifentanil was administered (bolus of 0.5 µg.kg-1 + infusion of 0.05 µg.kg-1.min-1) and, after 20 minutes, the same parameters were evaluated. RESULTS: There was a reduction in systolic and diastolic blood pressure (p = 0.0001) between M0 and M1, and significant differences in respiratory rate and oxygen saturation, which were not statistically significant. The atrium-His interval (p = 0.006), recovery time of the sinoatrial node (p = 0.0004), refractory period of the right atrium (p = 0.001), and refractory period of the sinoatrial node (p = 0.0001) were all increased; however, there were no differences in heart rate between M0 and M1. CONCLUSIONS: Remifentanil changes cardiac electrophysiological parameters and, in doses higher than the ones used in this study, can cause sinus bradycardia, asystole, and conduction defects.

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