Gestão e Desenvolvimento (Jan 1996)
Ensaio sobre o modelo produtivo francês (o paradigma produtivo pós-fordista: acomodação ou ruptura com o fordismo)
Abstract
Ao longo deste ensaio, procurar-se-á entender todo o processo, por vezes contraditório, incerto e difícil, de emergência de um novo sistema produtivo no âmbito de uma realidade concreta. É da natureza de qualquer sistema produtivo criar e manter complementaridades entre a organização interna das empresas, as formas da concorrência, a natureza das relações industriais, o sistema educativo, sem esquecer a dinâmica macroeconómica. Desta definição realça-se que todo o sistema produtivo, que atinja a estabilidade estrutural, se toma incompatível com as formas de coordenação próprias do antigo sistema e bloqueia as inovações portadoras de um sistema superior. Compreende-se assim que, ao longo da história francesa, diversas configurações do sistema produtivo se tenham sucedido desde a primeira revolução industrial. A variação da envolvente económica nacional e internacional não é só por si susceptível de explicar a passagem de um sistema para outro, mas também a própria dinâmica impulsionada pelo paradigma produtivo faz emergir tendências que, a longo prazo, desestabilizam o próprio paradigma (Boyer, l 993a: 33).