Ecos do Minho (Jun 2017)

Tinea capitis com reacção inflamatória exuberante

  • Diana Rita Oliveira,
  • Marta Ribeiro Silva,
  • Maria Miguel Gomes,
  • Rui Santos,
  • Filipa Almeida,
  • Manuela Costa Alves,
  • Augusta Gonçalves,
  • Ana Paula Vieira,
  • Ângela Pereira

Journal volume & issue
Vol. 12, no. 1
pp. 17 – 20

Abstract

Read online

Tinea capitis, uma infeção do couro cabeludo por dermatófitos, é a infeção fúngica mais comum em idade pediátrica. A apresentação clínica é variável, desde uma dermatose descamativa não inflamatória até à evolução para lesões tipo Kerion celsi que podem ser semelhantes a abcessos bacterianos. Relatamos o caso de um rapaz de 22 meses de idade, admitido no Serviço de Urgência com uma lesão em placa eritemato-descamativa do couro cabeludo e fronte, com flutuação e drenagem espontânea, com 2 semanas de evolução e agravamento após aplicação de corticoide tópico e com febre desde há 3 dias. Os estudos laboratoriais revelaram leucocitose, aumento da proteína C reativa e hemocultura negativa. Foi internado para tratamento com flucloxacilina endovenosa e submetido a drenagem cirúrgica.À observação por Dermatologia foi diagnosticado um Kerion celsi, tendo iniciado tratamento com itraconazol oral, betametasona e clotrimazol tópicos. O exame microbiológico do exsudado foi negativo. O exame micoló- gico do raspado da lesão revelou a presença de hifas e a cultura mostrou o crescimento de Trichophyton mentagrophytes. Devido à reação inflamatória cutânea exuberante e aparecimento de múltiplas pápulas eritematosas na face, iniciou betametasona oral ao quarto dia de internamento. Manifestou melhoria clínica com total resolução do abcesso após 15 dias de antibioticoterapia. Teve alta medicado com itraconazol e esquema de redução de corticoide oral, com seguimento em consulta de dermatologia apresentando resolução parcial. A tinea capitis tem geralmente um prognóstico favorável, com total resolução da infeção na maioria dos casos. Nos casos de Kerion celsi, a terapêutica conjugada com corticoide oral é necessária para reduzir a inflamação e prevenir a alopécia cicatricial. O reconhecimento atempado desta condição é muito importante e as lesões do couro cabeludo que se assemelhem a abcesso devem ser cuidadosamente investigadas para que a terapêutica antifúngica seja iniciada e não se submetam os pacientes a intervenções cirúrgicas desnecessárias.

Keywords