Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

INTERVENÇÃO COM VETORES GENETICAMENTE MODIFICADOS: IMPACTO NA DISSEMINAÇÃO DE DENGUE EM UM MUNICÍPIO PAULISTA

  • Verônica Silva Furlani,
  • Bianca Missio Morgan,
  • João Paulo Galvão Nascimento,
  • Isabelly Costa de Lima,
  • Maria Fernanda Campelo Apolonis,
  • Jean Rodrigo Santos,
  • Márcio Fabrício Falcão de Paula Filho,
  • Emerson Carraro

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103464

Abstract

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Introdução/objetivo: Arboviroses são enfermidades cujo vetor Aedes aegypti contribui nas epidemias emergentes de dengue, otmailsto e zika vírus. A dengue é sazonal, com pico nos meses de outubro a maio, sendo estratégia epidemiológica o controle do vetor. Dentre os planos, tem-se praticado a soltura de mosquitos geneticamente modificados como combate vetorial. Assim, esse estudo avaliou a incidência de casos de dengue antes e depois da primeira intervenção com mosquitos Aedes aegypti transgênicos OX513A no município de Piracicaba, São Paulo, Brasil. Métodos: Estudo ecológico com dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde e Sistema de Informação de Agravos de Notificação, em Piracicaba, no sexênio de 2012 a 2018, com mediana na soltura do vetor transgênico em abril de 2015. Incluíram-se ambos os sexos, de todas as idades e critério de confirmação o diagnóstico de dengue por exames laboratoriais ou clínico-epidemiológico. Informações foram tabuladas e submetidas ao teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade. Dados não paramétricos foram analisados com o teste de Friedman, já os paramétricos utilizaram ANOVA de medidas repetidas seguida por post hoc de Tukey. Análises estatísticas utilizaram o software Jamovi versão 2.2.5. Resultados: No período, foram notificados 12.858 casos. A análise revelou que 74,8% deles ocorreram antes do mosquito transgênico e, após, 3.234 foram registrados, exibindo uma distribuição não normal, apontada pelo teste de Shapiro-Wilk (p < 0,005). O teste de Friedman apresentou valor de p = 0,05, evidenciando diferenças entre os casos de dengue antes e depois da intervenção. Relativo aos dados associados ao sexo e critério de confirmação, não houve diferença nos seletores. Todavia, o teste de Tukey revelou que os números de casos foram maiores na faixa etária de 20 a 59 anos em comparação com as demais (p < 0,05). Conclusão: Consoante à análise, os casos de dengue reduziram após abril de 2015. Ademais, a relação da faixa etária mais afetada corrobora com a análise literária de que são as mais ativas socialmente. Outrossim, a não correlação entre sexo e idade infere que a dengue não possui perfis de infecção, mesmo com medidas de combate, todos estão expostos. Em síntese, a intervenção contribuiu para a redução de casos, todavia seriam necessários mais estudos para atribuir sua eficácia. Logo, há lacunas para futuras investigações do desempenho isolado de mosquitos transgênicos.

Keywords