Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Jan 2023)
Prevalência de diabetes mellitus em um município do interior da Bahia e o acesso aos insumos para seu monitoramento e tratamento no SUS
Abstract
Introdução: O portador de diabetes necessita de um tratamento específico, pois um mau controle da doença pode acarretar em várias complicações. Pelo fato do diabetes ter se tornado alvo de preocupação pública, o Ministério da Saúde (MS) criou portarias e programas para garantir acesso aos medicamentos e insumos para um tratamento adequado e uma melhor qualidade de vida. Esse trabalho tem como objetivo analisar a prevalência de diabetes mellitus em um município do interior da Bahia e o acesso aos insumos para seu monitoramento e tratamento no SUS. Material E Método: O local de estudo foi o município de Brumado-BA. Os dados foram coletados no site do DATASUS/HIPERDIA para análise da prevalência de diabetes. Também foi solicitado ao farmacêutico responsável pelo SIGAF (Sistema Integrado de Gerenciamento da Assistência Farmacêutica) a disponibilização das informações sobre os recursos investidos para a aquisição de medicamentos e insumos no município. Resultados: Um estudo aponta que 47,9% da população brasileira afirma utilizar serviços disponíveis pelo SUS. Em 2012, Brumado possuía 64.972 habitantes e, conforme os dados da VIGITEL, 6,8% dessa população teria diabetes, cerca de 4.418 diabéticos na cidade, resultando em 2.116 (47,9%) portadores de diabetes acompanhados no SUS. Considerando ainda que a cobertura da rede municipal de Atenção Básica neste município é de aproximadamente 78%, cerca de 1.650 diabéticos realizam o monitoramento e tratamento no SUS em 2012. Nesse ano foram investidos R$757.426,29 para a aquisição dos medicamentos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica em Brumado, e, R$ 28.850,45 na aquisição de medicamentos para diabetes, o que representa 3,81% do valor total disponibilizado. Ao confrontar a Dose Diária Definida (DDD) com as aquisições realizadas, estimou-se a quantidade de diabéticos tratados durante um ano, chegando ao resultado de que a metformina foi usada para tratar 495 diabéticos; a glibeclamida foi utilizada por 380 pessoas; e a gliclazida foi dispensada apenas para três usuários durante todo o ano. Com relação aos insumos, o investimento foi maior na compra de tiras reagentes, sendo a quantidade de tiras superior às lancetas. Discussão: De acordo com a portaria nº 1.555/13 a União deve investir R$ 5,10 e o município R$ 2,36 para a compra de medicamentos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica por habitante durante o ano, totalizando R$ 484.691,12. Sendo assim, no ano de 2012 foi investido um valor acima do esperado, porém, do valor total disponibilizado, o município de Brumado investiu pouco para a compra de medicamentos hipoglicemiantes. Considerando a estimativa de 1.650 diabéticos que utilizam o SUS e a quantidade dos três medicamentos comprados, foi tratada uma quantidade muito inferior de pacientes. A quantidade maior de tiras reagentes em relação à de lancetas mostra que a compra não condiz com a prática clínica, pois as quantidades de lancetas e tiras deveriam ser semelhantes. Conclusões: Com esses dados apresentados percebe-se que o município tem investido pouco na compra em medicamentos e insumos para diabetes, não atendendo a necessidade da população.