Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

IMPACTO DA COVID-19 NA INCIDÊNCIA, DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES E NO PROGNÓSTICO DAS INFECÇÕES DE CORRENTE SANGUÍNEA POR CANDIDA

  • Marcia Garnica,
  • Natalia Zambão,
  • Julienne Martins,
  • Paulo Furtado,
  • Andreia D‘avila Freitas

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 101725

Abstract

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A Covid-19 está associada a infecções fúngicas invasivas (IFI) principalmente por Aspergillus e agentes da mucormicose. O aumento de infecção de corrente sanguínea por Candida (candidemia) também vem sendo foco de atenção. Neste estudo descrevemos a incidência e distribuição de espécie das candidemias nos períodos pre e pós pandemia, e comparamos as características clínicas e desfecho dos indivíduos que desenvolveram candidemia durante a internação por Covid-19 com aqueles com candidemia não relacionada a Covid-19. Definido período pré-pandemia no intervalo entre 2018 e março de 2020 (primeiro caso de Covid-19 no município de Niterói, RJ, Brasil) e período pós-pandemia entre abril de 2020 e agosto de 2021. Para análise de sobrevida global em 30 dias pós candidemia (SG 30d) foram considerados apenas aqueles que receberam tratamento antifúngico. Pacientes que desenvolveram candidemia no decorrer de internação por Covid-19 foram considerados Casos e candidemias em indivíduos sem Covid-19 denominados Controles. Durante o estudo, 91 episódios de candidemia foram documentados, sendo 37 (41%) no período pré e 54 (59%) no período pós-pandemia. Desses, 24 foram casos (26% das candidemias, 44% das candidemias ocorridas pós pandemia). A incidência de candidemia foi 0,26 e 0,41 eventos/1000 pacientes.dia no período pre e pós-pandemia. As espécies mais frequentes foram C. parapsilosis (26% x 24%) e C. albicans (26% x 32%) entre casos Covid-19 e controles. C. krusei ou C. glabrata corresponderam a 25% das espécies entre casos versus 18% nos controles. Entre o período pré e pós-pandemia houve aumento na proporção de C.krusei e C.glabrata (16% para 32%) em relação ao total de eventos e na incidência de candidemia por estas espécies (0,04 x 0,10 eventos/1000 pacientes.dia). A idade mediana de casos Covid-19 foi maior que dos controles (59 x 41 anos, p = 0,004), mas não houve diferença no tempo entre a internação e a candidemia (39 x 48 dias, p = 0,14). Equinocandina foi o tratamento em 86% e 72% dos casos e controles, respectivamente. Excluindo óbitos pré-tratamento, a SG 30d em casos e controle foi de 27% e 73% (p = 0,002). Houve um aumento na incidência de candidemia no decorrer da pandemia, com aumento de espécies C krusei e C glabrata. Pacientes com Covid-19 que desenvolveram candidemia foram mais idosos e tiveram SG 30 dias muito inferior a pacientes com candidemia sem COVID-19. A pandemia modificou a incidência, o perfil dos pacientes e o prognóstico da Candidemia.