Brazilian Journal of Geology ()
Geocronologia e aspectos estruturais e petrológicos do Pluton Bravo, Domínio Central da Província Borborema, Nordeste do Brasil: um granito transalcalino precoce no estágio pós-colisional da Orogênese Brasiliana
Abstract
RESUMO: O Pluton Bravo (no Estado da Paraíba) constitui um stock elipsoidal formado por monzo/sienogranitos porfiríticos, enclaves dioritos e zonas híbridas. Está intrudido em gnaisses migmatíticos paleoproterozoicos do Domínio Central da Província Borborema. Os sienogranitos são metaluminosos a levemente peraluminosos, e exibem altas razões de K2O/Na2O > 1,5 e FeOt/(FeOt + MgO) > 0,86. Os dioritos possuem alto conteúdo de Zr (> 1.134 ppm), TiO2 ~ 1,6% e Nb > (49 ppm). As razões (LaN/YbN)N estão entre 14 e 19,4, e (Eu/Eu*)N, entre 0,31 e 0,37. As rochas do Pluton Bravo são moderadamente fracionadas com picos em La, Zr e forte depressão em P, Ti e menor em Sr. Os dados plotam no campo discriminante de granitos pós-tectônicos/intraplaca. As estimativas de pressão (4,4 a 6,0 Kbar) baseadas no conteúdo de Alt em anfibólio sugerem posicionamento do pluton na crosta superior a média. A temperatura do liquidus de acordo com o conteúdo de Zr e SiO2 oscilou entre 847 e 893°C, e a de cristalização, calculada pelo par anfibólio-plagioclásio, entre 581 e 785°C. Exibem idades-modelo TDM = 2,35 a 2,18 e εNd (580 Ma) = -18,32 a -17,03. A idade U-Pb (LA-MC-ICP-MS U-Th-Pb em zircão) indica cristalização ao redor de 581 ± 2 Ma. A relação entre a idade de cristalização (~ 580 Ma), as características químicas de granito tipo-A, idades-modelo Sm-Nd maiores que 2,1 Ga e a associação com regime tectônico transcorrente contrastam com outros granitos similares, porém ligeiramente mais novos (~ 570 Ma), que ocorrem nos Domínios Central, Rio Grande do Norte e no leste da Nigéria. Isso sugere que a transição do regime compressional para direcional/componente extensional precedeu no caso deste corpo evidenciando o caráter episódico e diacrônico da Orogênese Brasiliana. Conclui-se que o Pluton Bravo constitui um bom exemplo de magmatismo pós-colisional transalcalino no Domínio Central, que, com outros exemplos no Domínio Rio Grande do Norte e no leste da Nigéria, sugere um afinamento convectivo da litosfera subcontinental entre 580 e 570 Ma durante a consolidação do Supercontinente Gondwana.
Keywords