Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IMUNE NA PEDIATRIA: O PAPEL DA CONDUTA EXPECTANTE

  • TN Ferreira,
  • J Boni,
  • ACBB Almeida,
  • ALZ Cheibub,
  • CFA Zürcher,
  • GAL Silva,
  • GC Freitas,
  • TR Diniz,
  • VS Gagliardi

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S678

Abstract

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Objetivos: Avaliar e descrever, com base na literatura, o diagnóstico de púrpura trombocitopênica imune na população pediátrica, com ênfase no manejo terapêutico, além de riscos e benefícios de cada linha de tratamento, incluindo conduta expectante. Material e métodos: Foram utilizados artigos publicados na plataforma PubMed, relevantes para a composição do trabalho, que abordavam a pesquisa das palavras-chave: “immune thrombocytopenia”, “pediatric”e “treatment”e contemplavam os critérios de inclusão: artigos nos idiomas português e inglês, texto completo gratuito, revisão sistemática e metanálise, publicados entre o período de 2008 a 2023. Finalizada a fase de seleção, foram analisadas as referências dos artigos finalmente selecionados em busca de outros estudos que atendessem aos critérios de elegibilidade. Resultados: Em crianças com PTI, a maioria dos casos são resolvidos em um período de 6 a 12 meses, independentemente da implementação de terapia clínica. A remissão espontânea ocorre em 74% dos indivíduos menores de 1 ano. Crianças cursam com um risco diminuído de sangramento devido ao menor índice de comorbidades e perfis medicamentosos complexos. As abordagens terapêuticas podem variar de acordo com a duração da doença, acesso aos cuidados, impactos na qualidade de vida e escolha da terapia entre os profissionais. Discussão: Após o diagnóstico definitivo e inicial, o manejo expectante se mostra uma forma segura e viável para o bom prognóstico do paciente quando este apresenta um quadro estável e sem sangramentos importantes. A terapia farmacológica, a exemplo do uso de corticosteroides, é prescrita para crianças com sangramento mucoso significativo, impactos na qualidade de vida e/ou trauma ou cirurgia planejada. Existem muitos obstáculos associados à escolha medicamentosa, como efeitos adversos, qualidade de vida relacionada à saúde, custo do tratamento e probabilidade de remissão definitiva. Quando necessário, o tratamento de primeira linha com corticoides é feito em detrimento da imunoglobulina intravenosa (IGIV) ou globulina anti-D, geralmente utilizadas quando há necessidade de resposta clínica súbita, como maior repercussão clínica ou contraindicações ao uso de corticoesteroides. Conclusão: Devido à alta possibilidade de remissão espontânea e risco reduzido de sangramentos na população pediátrica, a conduta observacional é a abordagem indicada pelas diretrizes da Sociedade Americana de Hematologia (ASH) em casos de sintomas hemorrágicos isolados na pele ou ausentes. Destaca-se por fim, a necessidade de individualizar os objetivos do tratamento, visando a prevenção de sangramentos e otimização da qualidade de vida do paciente, ajustando o tratamento conforme necessário.