Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

MIELOMA MÚLTIPLO E METÁSTASE ÓSSEA TARDIA DE CARCINOMA RENAL SINCRÔNICO: RELATO DE CASO

  • MC Pedro,
  • JP Rocha,
  • E Pena,
  • LR Borges,
  • MI Migueis,
  • S Garcia,
  • PVD Santos,
  • LB Lucena,
  • SH Nunes

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S406

Abstract

Read online

Introdução: Mieloma Múltiplo (MM) é uma neoplasia hematológica caracterizada pela proliferação de células plasmáticas produtoras de paraproteína monoclonal e resultam em extenso acometimento ósseo com lesões osteolíticas, osteopenia e risco de fraturas patológicas. O carcinoma de células renais (CCR) é o câncer renal mais comum, geralmente indolente, porém pode ter metastase em pulmões, ossos e linfonodos. Objetivo: Relatar um caso raro de MM associado a metástase óssea tardia de CCR. Caso clínico: Paciente de 54 anos, masculino, antecedentes patológicos de HAS, glaucoma, e nefrectomia total à direita em 2011 por carcinoma de células renais não relatado estágio ao diagnóstico. Em agosto de 2019 começou a apresentar dor progressiva e intensa em ombro direito. Ressonância magnética do ombro acometido mostrou lesão expansiva na diáfise proximal do úmero com 5,2 cm, além de lesões nodulares em clavícula, acrômio e glenoide. Biópsia da lesão compatível com plasmocitoma. Exames iniciais revelaram pico monoclonal de 2,2 g/dL, imunofixação positiva com padrão imunoglobulina G (IgG) kappa. Biópsia de medula óssea (BMO) com 40% de infiltração por plasmócitos positivos para cadeia leve kappa e CD138, confirmando o diagnóstico de MM IgG kappa ISS I, ECOG PS1. Foi submetido a tratamento com protocolo VCD semanal em dose plena. Após seis ciclos teve remissão completa laboratorial e clínica e encaminhado para consolidação com transplante autólogo de medula óssea. Foi submetido à BMO em crista ilíaca previamente ao transplante autólogo de medula óssea (TMO), que mostrou acometimento da medula óssea por carcinoma metastático renal positivo para CK8-18, vimentina e PAX8. Diante desse resultado foi suspensa a programação de TMO. Encaminhado para oncologia clínica, sendo estadiado com tomografia com emissão de pósitrons (PET-CT) em janeiro de 2021 e observado múltiplas lesões líticas esparsas pelo esqueleto axial e apendicular e iniciou tratamento com pazopanibe. Realizou novo PET-CT em dezembro de 2022 com redução do metabolismo glicolítico em lesões líticas, porém sem aumento de captação em lesão isolada, sugestivo de resposta metabólica parcial. Atualmente paciente estável e segue em controle pela hematologia. Discussão: Este caso descreve a associação do MM e CCR simultâneos com possibilidade de acometimento ósseo e em ambas patologias, porém com implicações terapêuticas e de seguimento específicos. A presença de metástase da neoplasia renal em crista ilíaca foi surpreendente pois não havia presença desta patologia em primeira biópsia realizada e paciente não relatava dor importante e progressiva no momento. Em contrapartida, a chance de metástase de CCR claras pode ser elevada, chegando a aproximadamente a 30% dos pacientes mesmo diagnosticados com carcinoma de celulas renais claras em estágios iniciais (1). O surgimento clínico da metástase coincidiu com a imunossupressão gerada pelo MM e pela realização da quimioterapia realizada subsequente. A equipe optou em não realizar TMO e priorizar o tratamento da recidiva tardia do CCR pois o paciente se encontrava em remissão laboratorial quanto ao MM. O controle terapêutico com o PET após uso de pazopanibe teve auxílio importante para demonstrar melhora parcial global da terapia atual e que lesões ativas são provavelmente exclusivas da neoplasia renal. Conclusão: O CCR é uma patologia indolente, com metástase tardia e que pode progredir clinicamente após tratamento de uma segunda neoplasia.