Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Apr 2024)

USO DE UM MODELO PREDITIVO NA IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇA METASTÁTICA EM PACIENTES COM CARCINOMA DIFERENCIADO DE TIREOIDE SOB ESTÍMULO DE TSH RECOMBINANTE

  • Felipe Alves Mourato,
  • Fernanda Miyuki Sasaki,
  • Júlia Carvalheira Altino De Almeida,
  • Paulo José de Almeida Filho,
  • Aline Lopes Garcia Leal,
  • Cristiana Altino de Almeida,
  • Maria Amorim de Almeida,
  • Antônio Felipe de França Sales,
  • Kaylon Kelvin Dos Santos Godê,
  • Beatriz Arruda Matheos de Lima

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S1

Abstract

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Introdução/Justificativa: O câncer de tireoide é a neoplasia endócrina mais comum, sendo o câncer diferenciado de tireoide (CDT) o subtipo mais prevalente. O tratamento padrão envolve tireoidectomia total (TT) seguida de terapia com Iodo-131 (I131). Marcadores bioquímicos como a tireoglobulina sérica (Tg) e o TSH são frequentemente utilizados para prognóstico e detecção de doença metastática. Variáveis demográficas, como idade e sexo, também afetam o prognóstico, assim como o estadiamento patológico inicial. O sistema de estratificação de risco proposto pelas diretrizes da Associação Americana de Tireoide (ATA) de 2015 auxilia na prescrição de I131 pós-TT e basea-se principalmente em relatórios patológicos. Entretanto, pode apresentar falhas, como a deficiência em detectar doença persistente que requer uma intervenção terapêutica mais agressiva com I131. Em vista disso, a elaboração de um modelo preditivo pode prover uma estratificação de risco mais acurada e personalizada para pacientes com CDT submetidos a TT e terapia ablativa com I131. Em 2023, Giovanella e colaboradores elaboraram um modelo preditivo baseado em árvore de decisão para este cenário. Entretanto, todos os pacientes foram submetidos a suspensão de levotiroxina. Objetivos: Testar o modelo preditivo baseado em árvore de decisão descrito por Giovanella e colaboradores em pacientes submetidos a TT e terapia com I131 estimulados com TSH recombinante (rhTSH). Materiais e Métodos: Análise retrospectiva de 451 pacientes submetidos a tratamento com radioiodo entre 2016 e 2020. Foram incluídos pacientes adultos e com CDT comprovado histologicamente após TT, com níveis de anticorpo anti-tireoglobulina normais, uso de rhTSH pré-radioiodoterapia, além do resultado da PCI pós-tratamento. Foi aplicado o modelo de árvore de decisão descrito por Giovanella e colaboradores em pacientes com CDT estimulados por rhTSH. De forma simplicicada, o modelo proposto por Giovanella e colaboradores dividiu os pacientes em com e sem acometimento linfonodal. Aqueles com acometimento linfonodal e Tg estimulada acima de 35,0 ng/ml tinham alta probabilidade de doença metastática/persistente. O mesmo ocorrendo em pacientes sem acometimento linfonodal e com Tg estimulada acima de 23,3 ng/ml. Resultados: Dos 451 pacientes incluidos, 362 (80,3%) foram do sexo feminino, com uma mediana de idade de 41,41 anos (IQR 33,76 a 53,00) e de Tg estimulada sérica de 2,9 ng/mL (IQR 0,68 a 7,9). Aplicando o modelo de árvore de decisão descrito por Giovanella e colaboradores, foi obtido um valor preditivo positivo de 25,0% (IC 10,01– 49,9%), um valor preditivo negativo de 87,3% (IC 86,6 – 88,1%) e uma acurácia de 85,1% (IC 81,4 – 88,3%). Gênero masculino e valor de Tg foram associados com PCI positiva (p < 0,05). Os resultados encontrados foram inferiores aos descritos por Giovanella e colaboradores (porém, semelhantes a um dos centros participantes). Isto pode ser explicado pela menor prevalência de PCI positiva e pela diferença dos valores de Tg com suspensão da levotiroxina e com TSH recombinante. Conclusão: Evidenciamos que o modelo de árvore de decisão descrito pode ser aplicado a pacientes com CDT estimulados por rhTSH com bons resultados, embora um modelo especificamente adaptado para essa população seja preferível. A Tg estimulada e o gênero apresentaram o melhor desempenho na previsão de doença persistente ou metastática na PCI após a cirurgia.

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