Anglo Saxonica (Jan 2020)
Far from Thoreau? The struggle for environmental justice in Portugal during the first Liberal period
Abstract
The thought and works of Henry D.Thoreau have been interpreted in the reactive context of industrialization and the values underpinning it. The late diffusion of his ideas in Portugal seems to correspond with the modernization process, marked by the limited and belated industrialization that accompanies this awareness of environmental problems. This essay clarifies this interpretation and presents a picture of the early environmental consequences of economic development in Portugal by identifying a set of environmental conflicts that occurred in different contexts since the middle of the nineteenth century. Those conflicts where related to large-scale mining, metallurgical and chemical industries, practices of overfishing, commercial farming and the privatization of common land. Direct action in the form of sabotage, property invasions, and riots were frequent forms that accompanied parliamentary activity and recourse to the courts right up to the end of the republican period. Archival research have consistently shown that these conflicts were reactive and motivated immediately by the damage caused by pollution to health and incomes and which also involved the destruction of collective goods or the appropriation of community resources. This historical approach seeks, therefore, to identify the patterns of collective action in defence of the environment in Portugal. Resumo O pensamento e obra de Henry D. Thoreau têm sido interpretados no contexto reactivo à industrialização e aos valores que a sustentam. A difusão tardia do seu pensamento em Portugal parece corresponder ao seu processo de modernização, marcado por uma industrialização limitada e tardia que acompanha a tomada de consciência pelos problemas ambientais. Este ensaio matiza esta interpretação e apresenta o quadro das consequências ambientais do seu desenvolvimento económico, através da identificação de conflitos ambientais desde meados do século XIX. Esses conflitos relacionaram-se com a grande mineração, as indústrias metalúrgicas e químicas, com práticas de pesca predatória, a agricultura comercial e a privatização de bens comunitários. A acção directa através da sabotagem, da invasão de propriedade e do motim constituíram formas frequentes que acompanharam a actuação parlamentar e o recurso aos tribunais até ao final do período republicano. A investigação em arquivos mostrou, de forma persistente, que estes conflitos foram de natureza reactiva e tiveram como motivação imediata os danos na saúde e nos rendimentos resultantes da poluição, e que envolveram também a destruição de bens colectivos ou a apropriação de recursos comunitários. Esta abordagem histórica procura assim identificar padrões de acção colectiva em defesa do ambiente em Portugal. Palavras-chave: Desobediência civil; Conflitos ambientais; Ludismo ambiental; (Portugal, séculos XIX e XX)
Keywords
