Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

POLARIZAÇÃO DE LINFÓCITOS T AO FENÓTIPO T HELPER/CITOTÓXICO 17 PARA USO EM TERAPIAS CELULARES AVANÇADAS

  • H Brand,
  • LC Batista,
  • DMC Fantacini,
  • SCG Lima,
  • DT Covas,
  • LEB Souza

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S267

Abstract

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Introdução: O tratamento com linfócitos T expressando receptores quiméricos de antígeno (CAR) ou receptores de células T (TCR) artificiais tem resultado em taxas de remissão impressionantes para algumas neoplasias hematológicas. Porém, a eficácia clínica ainda é limitada ou inexistente para a vasta maioria das neoplasias. Portanto, é imperativo desenvolver estratégias para maximizar o potencial antineoplásico de células T geneticamente modificadas. Para isso, uma estratégia promissora é produzir células T com fenótipo T helper 17 ou T citotóxico 17 (TH17/TC17). Dentre os fenótipos inflamatórios, células TH17/TC17 possuem maior capacidade antitumoral, perfil de memória efetora e secretam IL-17, uma interleucina altamente inflamatória e pleiotrópica. Haja vista que a diferenciação em células TH17/TC17 é orquestrada pelo fator de transcrição RORγt, nossa hipótese foi a de que o uso de um agonista deste fator de transcrição poderia maximizar a diferenciação em células TH17/TC17. Objetivo: Estabelecer um protocolo de polarização de linfócitos T para o fenótipo TH17/TC17. Métodos: Células mononucleares do sangue periférico (PBMC) foram isoladas através do uso do gradiente de densidade Ficoll-Paque PLUS e ativadas com anticorpos anti-CD3/anti-CD28 na presença de um coquetel de interleucinas composto por interleucina-2 recombinante humana (rhIL-2), rhIL-6, rhIL-1β, rhIL-23, para indução em TH17/TC17. Além de anticorpos anti-hIL-4 e anti-hIFN-γ para bloquear a diferenciação em TH2 e em TH1, respectivamente. Para um grupo específico, adicionamos ao coquetel um agonista de RORγt já usado em ensaios clínicos. Após cultivo nestas condições, avaliamos a polarização em TH17/TC17 pela quantificação da transcrição dos genes RORC2 (codifica RORγt) e IL17A por PCR quantitativo em tempo real. Resultados: O cultivo apenas com o coquetel de interleucinas/anticorpos induziu um aumento de 2,6 vezes na expressão de IL17A e de 1,44 vezes de ROR γt em relação às células não polarizadas. Isto demonstra que o coquetel utilizado induz a expressão dos genes-chave para diferenciação em células TH17/TC17. Notadamente, o uso do agonista de RORγt potencializou a diferenciação em TH17/TC17, aumentando em 15,78% a expressão de RORC2 e em 55,11% a expressão de IL17A (p < 0,05) em relação ao grupo tratado apenas com interleucinas/anticorpos. Conclusão: Nossos resultados demonstram que a adição do agonista de RORγt ao coquetel de interleucinas/anticorpos potencializa a polarização de linfócitos T humanos para o fenótipo TH17/TC17. Este protocolo permitirá gerar células T-CAR ou T-TCR com fenótipo TH17/TC17, conhecidas por seu elevado potencial antitumoral e persistência in vivo. Com isso, esperamos aumentar a eficácia terapêutica de células T geneticamente modificadas e beneficiar pacientes até então refratários a esta terapia. Financiamento: FAPESP (2013/08135-2, 2019/18702-8, 2019/18672-1, 2020/02043-2).