Fronteiras (Aug 2018)

Cabrião: o debate político no Segundo Reinado por meio das caricaturas de Angelo Agostini

  • Danilo Aparecido Champan Rocha,
  • Sandra de Cássia Araújo Pelegrini

DOI
https://doi.org/10.30612/frh.v20i35.8633
Journal volume & issue
Vol. 20, no. 35
pp. 46 – 67

Abstract

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A fundação do Cabrião (1866-1867), segunda revista ilustrada e humorística de São Paulo, editada por Américo de Campos, Antonio Manoel dos Reis e Angelo Agostini, consolidou o potencial da combinação da linguagem verbovisual para noticiar os principais acontecimentos citadinos, os debates políticos e os eventos culturais. A caricatura, técnica de deformação do real por meio do ridículo e da derrisão do objeto retratado, abrangeu o acesso das discussões da imprensa à um público não-letrado e permitiu intensificar a difusão de valores e ideias através de sua mordacidade cáustica. Nesse sentido, o periódico paulistano ilustrado criticou seus adversários políticos, principalmente, os conservadores e os jesuítas, considerados como obstáculos para o “progresso civilizatório”. Identificados com o ideário liberal, os redatores defenderam a descentralização política, o ensino laico, a supressão do poder moderador, entre outras medidas, o que muitas vezes ocasionou problemas políticos com seus próprios correligionários. Por fim, a oposição de diversos segmentos sociais da província de São Paulo contra a continuidade da circulação do Cabrião provocou uma crise financeira que impediu a produção de uma segunda série.