Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

TENDÊNCIA DE MORTALIDADE E FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS ASSOCIADOS AO ÓBITO PRECOCE EM PACIENTES COM DOENÇA FALCIFORME NO ESTADO DE SÃO PAULO

  • NDS Avelino,
  • T Konstantyner,
  • KCN Areco,
  • JM Franco,
  • JAP Braga

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S301 – S302

Abstract

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Objetivo: Estimar a tendência da taxa de mortalidade e idade média de morte e identificar fatores sociodemográficos associados ao óbito precoce em pacientes com Doença Falciforme no Estado de São Paulo. Método: Estudo descritivo e analítico do tipo ecológico e transversal, com dados do Sistema de Informações de Mortalidade. Foram incluídos todos os óbitos de residentes do Estado de São Paulo de 01/01/1996 a 31/12/2015, com o Código Internacional de Doenças para Doença Falciforme (DF) em qualquer campo do atestado de óbito. As tendências das taxas de mortalidade (geral e por idade) e idade média de óbito foram estimadas por regressão linear simples. O óbito precoce, definido como ocorrido antes da expectativa de vida na DF (53,3 anos em mulheres e 56,5 anos em homens), foi associado aos fatores sociodemográficos por meio de análises de sobrevida univariada com gráfico de Kaplan Meier e multivariada por meio da regressão de Cox. Resultados: Foram analisados 1675 óbitos: idade média 34,4 anos (DP = 19,0) no sexo feminino e 29,4 (DP = 17,5) no masculino – aumento de 7,4 meses ao ano na idade média (R² = 0,835 e p < 0,001). A taxa de mortalidade geral por milhão de habitantes foi de 2,08 por milhão de população idade compatível e aumentou 0,084 ao ano (R² = 0,783 e p < 0,001) – no subgrupo maior ou igual a 20 anos aumentou 0,108 ao ano (R² = 0,789 e p < 0,001) e em menores de 20 anos 0,023 ao ano (R² = 0,188 e p = 0,056). Na análise multivariada, ser do sexo masculino (HR = 1,30), da raça branca (HR = 1,16), morrer dentro do hospital (HR = 1,29) e morar na Grande São Paulo (HR = 1,13) apresentaram risco maior de óbito precoce, quando comparados às demais categorias e a associação com IDHM não se manteve estatisticamente significante. Discussão: Este estudo mostrou maior aumento na idade média comparado a população geral pela Fundação Seade, sugerindo melhor tratamento clínico e acompanhamento mais precoce da doença. Essas melhorias diminuiriam a taxa de mortalidade, entretanto, houve aumento de 0,084 ao ano, possivelmente por maior visibilidade da doença, com diagnóstico e registro mais frequentes da DF nas declarações de óbitos. A idade média foi semelhante a estudo brasileiro de mortalidade na DF de 2000 a 2018. Quanto aos fatores associados ao óbito precoce, observou–se morte precoce em ambiente hospitalar, nas cidades da Grande São Paulo, no sexo masculino e na raça branca conforme categorizado na declaração de óbito. A razão do achado no sexo permanece desconhecida. Em relação ao local de ocorrência hospitalar e município de residência, provavelmente há mobilização dos pacientes mais graves aos grandes centros de referência em regiões metropolitanas. Estudos nos Estados de Minas Gerais e Bahia também demonstraram maior prevalência de óbitos hospitalarese 78% dos óbitos em áreas urbanas. Conclusão: Durante os 20 anos analisados, ocorreram aumento da taxa de mortalidade e da idade média de óbito com Doença Falciforme. Os fatores sociodemográficos sexo, raça, local de ocorrência e município de residência estiveram associados ao óbito precoce.