Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)
INTERNAMENTOS DE CRIANÇAS POR DOENÇAS RESPIRATÓRIAS PRÉ E DURANTE A PANDEMIA
Abstract
Introdução: Segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2019 as infecções respiratórias agudas lideraram entre as causas de morte de menores de 5 anos no Brasil. Com o surgimento da COVID 19 no país em 2020, ocorreram mudanças na epidemiologia das doenças infantis devido as medidas de distanciamento social. Apesar do aparecimento de mais uma doença respiratória, reduziu-se no número global de atendimentos pediátricos nos hospitais. Objetivo: Analisar se o impacto da pandemia também se reflete no número de internamentos por afecções respiratórias de crianças nos estados brasileiros e se há diferença desse índice entre as regiões e faixa-etárias analisadas. Métodos: Estudo observacional, retrospectivo, descritivo com dados secundários do DATASUS. Verificou-se o número de internamentos por doenças do aparelho respiratório em crianças de 0 a 14 anos por Unidade Federativa no Brasil durante 16 meses de pandemia (março de 2020 a junho de 2021) e comparado com 16 meses pré-pandemia (novembro de 2018 a fevereiro de 2020). Considerou-se para cálculo das taxas o número de internamentos de menores de 1 ano, 1 a 4 anos, 5 a 9 e 10 a 14 anos, e a população média estimada para cada período para cada grupo etário. Como não se dispõe da estimativa populacional de 2021, considerou-se para este ano a estimativa do ano anterior (IBGE, 2018). Resultados: Apesar do surgimento da COVID-19, observou-se uma redução no número de internamentos por doenças respiratórias na infância nos meses de pandemia quando comparados aos 16 meses anteriores. A maior redução na taxa de incidência, quando se confronta os dados entre os estados, foi verificada no Paraná (diminuição de 1332/100.000 habitantes), seguido por Roraima. A menor diferença (171/100.000) foi observada no Acre, embora este mantenha a 27ª e 26ª posições no ranking do índice de internamento pré e durante a pandemia, respectivamente. Roraima, Amapá e Distrito Federal mantiveram-se os 3 índices mais altos antes e durante a pandemia. Os menores de um ano foram os que mais internaram e a taxa de incidência de internamentos decresce com o aumento da idade em todo período analisado em todos os estados. Conclusão: No período de pandemia da COVID-19 ocorreu uma redução no número de internamentos pediátricos por doenças respiratórias em todos os estados do Brasil independentemente do subgrupo etário considerado. O Paraná apresentou a maior redução entre os estados. Menores de um ano apresentaram as maiores taxas de internamento.