Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

OR-52 - MIELITE TRANSVERSA ASSOCIADA A BARTONELLA HENSELAE: UM RELATO DE CASO

  • Juliana Moreira Ribeiro,
  • Adriana Oliveira Guilarde,
  • Jonas Borges S. Amorim,
  • Moara Alves S.B. Borges,
  • Ludmila Campos Vasconcelos,
  • Victoria Lima F.A. Ferreira

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 103927

Abstract

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Introdução: A mielite transversa (MT) é uma condição neurológica rara, com etiologias variadas, como desordens neuroinflamatórias, pós virais e infecciosas. Objetivo: Descrever caso de MT causada por Bartonella henselae. Método: Relato de caso. Resultados: Paciente sexo feminino, 19 anos, apresentou quadro de febre, cefaleia, fotofobia, dor e parestesia em cintura pélvica. Evoluiu com hipoestesia em nível torácico, paraplegia e alterações esfincterianas, com piora progressiva. Líquor com glicose consumida, e dissociação proteíno-citológica. Tratada com metilpredinisolona por 5 dias, obtendo melhora parcial. Após pulsoterapia, prescrito vancomicina e meropenem por 56 dias. Descartado neuromielite óptica e esclerose múltipla. Antecedentes: Contato direto e frequente com gatos durante trabalho em petshop. Nega vacinação no período e episódios prévios de déficit neurológico sensitivo-motor. Recebeu alta paraplégica e com nível sensitivo em T2. Após aproximadamente 3 anos, reiniciou dor em faixa em toda cintura pélvica, anestesia em MMSS e percepção de perda da habilidade para movimentos finos em MMSS, associado a episódios subfebris. Foi internada em outro serviço e iniciado ceftriaxona e dexametasona, com discreta melhora do quadro. Realizou ressonância nuclear magnética cervico-dorsal que constatou coleção intradural e extramedular, bem como sinais inflamatórios/infecciosos locais. Líquor mostrou 01 leucócito, 100% de LMN, 1.901 mg/dL de proteínas e 14 mg/dL de glicose. Culturas do líquor para bactérias, fungos negativas, teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB) indetectável. Realizada abordagem cirúrgica da coleção e prescrito ampicilina e doxiciclina empiricamente. Cultura do abscesso medular não evidenciou crescimento de bactérias, fungos ou micobactérias; TRM-TB indetectável. Sorologia para Bartonella henselae IgM (1:100) e IgG reagentes (1:640); sorologia para M. pneumoniae negativa. VDRL e teste treponêmico não reagentes; anti-HIV negativo. Biópsia de medula com infiltrado inflamatório inespecífico. Iniciado tratamento com doxiciclina e rifampicina para mielite por Bartonella. Evoluiu com melhora da dor, remissão da febre e melhora sensitivo-motora em MMSS, mantendo a paraplegia. Conclusão: Evidenciamos um caso de mielite bacteriana, cujo diagnóstico foi tardio, resultando em sequelas irreversíveis. É essencial história clínica detalhada e investigação minuciosa, a fim de garantir diagnóstico precoce e terapia efetiva.