RevSALUS (Jun 2023)

Características demográficas relacionadas com a infeção pelo HBV em dadores de sangue de Luanda, Angola

  • Cruz S. Sebastião,
  • António Vigário,
  • Domingos Jandondo,
  • Pedro Vienga,
  • Joana Sebastião,
  • Felicia Comandante,
  • Euclides Sacomboio,
  • Victor Pimentel,
  • Eunice Manico,
  • Deodete Machado,
  • Zinga David,
  • Jocelyne Neto de Vasconcelos,
  • Ana Abecasis,
  • Joana Morais

DOI
https://doi.org/10.51126/revsalus.v5iSup.518
Journal volume & issue
Vol. 5, no. Sup

Abstract

Read online

Introdução: O vírus da hepatite B (HBV) constitui um grave problema de saúde pública global, especialmente em países de baixa e média renda. Globalmente, mais de 2 bilhões de pessoas, o equivalente a cerca de um terço da população mundial, já foram infetados com HBV, dos quais 350 milhões desenvolveram infeção crônica (André, 2000). Atualmente, o HBV é considerado um dos principais fatores de desenvolvimento de cirrose hepática com elevada taxa de positividade na população jovem nos países em desenvolvimento (Eminler et al., 2015). Entretanto, a seleção de dadores de sangue, com rastreio laboratorial para marcadores de infeção ativa por HBV, como o HBsAg, desempenha um papel fundamental para garantir o fornecimento de produtos sanguíneos seguros e no controlo da disseminação da infeção por HBV (Seck et al., 2016). Objetivos: Neste estudo, investigamos as características demográficas relacionadas à infeção por HBV em dadores de sangue rejeitados para a doação de sangue em Luanda, a cidade capital de Angola. Material e Métodos: Este foi um estudo transversal realizado com 164 amostras de dadores rastreados para VHB usando o HBsAg, de março a maio de 2022. As análises foram feitas por meio de testes paramétricos, Qui-quadrado e análise logística univariada. Os resultados foram considerados significativos quando p <0,05. Resultados: A média de idade foi de 30,99,04 anos, variando de 18 a 58 anos. No geral, 63,4% (104/164) dos dadores rejeitados para a doação de sangue testaram positivo para HBV. A média de idade dos dadores infetados pelo VHB (29,28,02 anos) foi inferior à dos não infetados (33,910,0 anos), com diferença de 4,67 anos (p <0,001). Dadores entre 20-40 anos [OR: 2,34 (IC 95%: 1,02 - 5,34), p=0,045], do sexo feminino [OR: 1,40 (IC 95%: 0,51 - 3,86), p=0,516], residentes em áreas urbanizadas [OR: 1,23 (IC 95%: 0,65 - 2,32), p=0,530], com baixa escolaridade [OR: 1,54 (IC 95%: 0,49 - 4,82), p=0,458], desempregados [OR: 1,65 (95 % IC: 0,68 - 3,99), p=0,271] e solteiros [OR: 1,41 (IC 95%: 0,37 - 5,48), p=0,616], tiveram maior chance de contrair infeção pelo HBV. Conclusões: A alta taxa de positividade do HBV na população jovem pode ser uma indicação do fracasso das medidas de controlo das hepatites virais em Angola. Além disso, ainda existe o risco de unidades de sangue infetadas com HBV escaparem da deteção quando o teste é limitado à triagem de HBsAg. No entanto, a inclusão da triagem molecular do HBV deve ser considerada no futuro, para garantir a identificação precoce de dadores com infeção oculta pelo VHB ou com um período de janela soronegativa para melhorar a segurança dos produtos sanguíneos e ajudar a controlar a disseminação do HBV em Angola.

Keywords