Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

CARACTERÍSTICA EPIDEMIOLÓGICA, DO LINFOMA DE HODGKIN NO BRASIL: INCIDÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

  • GG Paula,
  • DRR Firmino,
  • LFT Ribeiro,
  • MSSM Akl,
  • NCD Ribeiro,
  • ALAG Franco,
  • HSB Pinto,
  • IMT Paula,
  • LMT Paula,
  • AV Pavan

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S224 – S225

Abstract

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Introdução: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Linfoma de Hodgkin (LH), também denominado de Doença de Hodgkin, é subdividido em 2 categorias, baseadas na morfologia e no imunofenótipo: I - LH Clássico (HLc) compreende 90% dos LH e seus subtipos: Esclerose Nodular; Celularidade Mista; Rico em Linfócitos; Depleção Linfocitária e um segundo subtipo denominado de II - Predominância linfocítica Nodular que corresponde apenas < 05% dos LH com características morfológica e imunofenotípicas distintas do LHc. Objetivos: Este trabalho tem por objetivo analisar o comportamento epidemiológico quanto às características do LH no Brasil, assim como a respectiva distribuição geográfica. Método: Trata-se de um estudo epidemiológico quantitativo, transversal, descritivo e retrospectivo com base nos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) quanto à incidência e à distribuição geográfica do LH no âmbito nacional. Resultados: Quanto aos aspectos analisados, o LH representa 0,5% dos tipos de câncer em geral e 14% de todos os linfomas. De acordo com KENNEDY B J (1998), a incidência do LH nos Estados Unidos da América responde por 0,7% de todos os novos casos de câncer, representando 7.400 novos casos por ano com uma taxa de mortalidade de 0,4 casos/100.000/ano na União Europeia. Conforme IARC 2013, a taxa anual de mortalidade padronizada por 100.000 casos de LH no mundo chegou a ser de 30.000,00, o que parece não ter se modificado até então. Ademais, o LH ocorre em qualquer faixa etária, entretanto, apresenta um predomínio na faixa etária jovem entre 15-35 anos, e cursa com uma curva de incidência bimodal nos países desenvolvidos, com o 1°pico aos 25 e o 2°aos 60 anos. O LH também apresenta discreta predileção pelo sexo masculino. No Brasil, segundo os dados do INCA, o LH ocupa o 20°lugar entre os tipos de cânceres mais comuns com risco estimado de uma taxa bruta de 1,40 novos casos/100 mil homens e 1,41/100 mil mulheres e para cada ano do triênio 2023 a 2025 estima-se um total 3.080 casos novos, 1.500 casos em homens e 1.580 em mulheres. Discussão: Ao se comparar os dados do INCA com os resultados observados na literatura, percebe-se que a maioria dos casos no Brasil são diagnosticados com doença avançada e 75% em estágio clínico EC: II bulky, III or IV, além disso, sabe-se que 20% apresentam comprometimento da medula óssea. Dentre o subtipo histológico mais comum, a esclerose nodular representa 60% dos casos, com uma alta concentração entre as idades de 20-30 anos e tempo entre os primeiros sinais e sintomas de aproximadamente sete meses. Quanto ao tratamento, 65% dos pacientes entram em remissão completa, 15% em remissão parcial e em média de 20% em progressão de doença utilizando regimes padrão de tratamento quimioterápico como o BEACOPP non-escalated ou ABVD. Conclusão: Com base nos dados do INCA e nos dados internacionais, os resultados refletem que a maioria dos casos, no Brasil, tem o seu diagnóstico em estágios avançados, isso altera não apenas o prognóstico da doença, como também impacta na intensificação de tratamentos, assim como na possível recidiva/refratariedade da doença. Os dados apresentados acima evidenciam que a sobrevida global do grupo de pacientes, no Brasil, perfazem um percentual de 70% com uma sobrevida livre de eventos de 55% em uma mediana de dois anos, sendo frequentemente necessário a terapia de salvamento, sublinhando a importância de diagnósticos precoces e tratamentos mais eficazes.