Revista de Saúde Pública (Feb 1987)
Estudo das condições de saúde das crianças do Município de São Paulo, SP (Brasil), 1984-1985: III. Aleitamento materno A study of children's health in S.Paulo city (Brazil), 1984-1985: III -Breast feeding
Abstract
Como parte de amplo estudo epidemiológico sobre condições de saúde na infância, investigou-se a freqüência e duração do alietamento materno em amostra representativa de crianças menores de cinco anos residentes no Município de São Paulo, SP (Brasil) (n = 1.016). Apesar de a grande maioria das crianças iniciar a amamentação (92,8%), menos da metade chega amamentada aos quatro meses de idade, alcançando os 12 e os 24 meses, respectivamente, 18,8% e 10,7% das crianças. A duração mediana da amamentação no Município de São Paulo foi estimada em 109,25 dias. Para o aleitamento materno exclusivo, a duranção mediana estimada foi ainda menor: 62,55 dias. A estratificação da amostra revelou que a duração mediana tanto da amamentação quanto do aleitamento exclusivo alcançou valores superiores nos estratos de maior nível sócio-econômico, contrariando, portanto, a situação usualmente encontrada em países em desenvolvimento. A comparação dos dados obtidos em 1984/85, com dados obtidos em 1973/74 e em 1981, revela a ocorrência em São Paulo de um movimento recente de retorno à prática da amamentação. Tal movimento, ainda não documentado em nenhum outro grande conglomerado urbano do Terceiro Mundo, assemelha-se ao movimento observado na década de 70 em vários países desenvolvidos, inclusive no que se refere à sua maior intensidade nos estratos de maior nível sócio-econômico. Embora os resultados do referido movimento possam ser considerados modestos, pois uma expressiva proporção de crianças ainda é desmamada precocemente, eles mostram que não há razão para se aceitar como inevitável ou como irreversível a tendência de queda da prática da amamentação nas sociedades urbanas do Terceiro Mundo.A survey of 1,016 children under five years old, randomly sampled was carried out in S.Paulo city, Brazil, with a view to studying the epidemiology of health conditions. In this survey the prevalence and duration of breast feedind were particularly observed. Although the majority of infants start breast feeding (92.8%), less than a half are still nursed at 4 months, 18.8% at 12 and 10.7% at 24 months. The median duration of breast feeding for S.Paulo city was estimated at 109.25 days. As far as exclusive breast feeding is concerned, the median duration decrease to 62.85 days. When the sample was stratified according to socioeconomic status, the breast feeding rates (total or exclusive, as medians) are higher on the highest socioeconomic level, an unusual situation in developing countries. The comparison of data of the 1984/85 survey with those of 1973/74 and 1981 shows an evident trend to return to the practice of breast feeding in S.Paulo. This trend is similar to that found in developed countries during the 70's, specially for the highest socioeconomic status, documented for other great urban conglomerates of the Third World. Although the trend can be considered incipient, because many infants are still weaned early, it shows there is no reason to accept as irreversible the trend towards artificial feeding in urban societies of the Third World.
Keywords