ANÁLISE RETROSPECTIVA DE PACIENTES COM MIELOMA MÚLTIPLO EM UMA UNIDADE DE ATENDIMENTO NO INTERIOR DA BAHIA.

Abstract

Objetivo: Realizar análise de características demográficas, epidemiológicas e do tempo entre diagnóstico e início do tratamento de pacientes portadores de Mieloma Múltiplo (MM). Metodologia: Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo que utilizou na análise os registros de 40 prontuários de pacientes com MM atendidos na Unidade de Alta Complexidade de Atendimento em Oncologia (UNACON) em Feira de Santana-Bahia. Havia registro de 438 prontuários no período de 2018 a 2024, destes, 40 foram selecionados ao acaso para análise. Os critérios de inclusão foram: pacientes com diagnóstico confirmado de MM e período de diagnóstico entre 2018 e 2024. Os dados foram extraídos dos prontuários médicos utilizando um formulário padronizado que incluiu as seguintes variáveis: dados epidemiológicos (sexo, idade, etnia e comorbidades), tempo entre diagnóstico e consulta inicial e o tempo entre consulta e início da terapia. Os dados foram descritos a fim de sumarizar as características da população do estudo. Resultados: Foram analisados 40 pacientes, 30% do sexo feminino e 70% do sexo masculino. A média de idade ao diagnóstico foi de 66,5 anos (41-91). Na distribuição racial, cerca de 22,5% eram brancos, 30% negros, 2,5% pardos e 45% não declarados. As comorbidades mais presentes nessa população foram Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes Mellitus (DM) e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), com 45%, 7,5% e 5%, respectivamente. A média de tempo obtida entre diagnóstico e 1ª consulta foi de 37 dias, sendo que 4 pacientes foram excluídos devido ao diagnóstico ter ocorrido após a 1ª consulta. A média de dias entre diagnóstico e início da terapia foi de 43 dias. Discussão: O Mieloma Múltiplo é uma doença que tem predominância em pacientes do sexo masculino, negros, acima de 50 anos. O presente estudo corrobora com os achados da literatura em média de idade, raça e sexo predominante. As comorbidades mais prevalentes foram HAS, DM e DPOC, indicando um perfil de pacientes com múltiplas patologias associadas. A média de dias entre diagnóstico e início da terapia foi de 43 dias. É importante ressaltar que esses dados de análise são escassos na população brasileira. Diante de uma doença rara e tratando-se de um serviço de referência no interior do estado, esse intervalo é desafiador, visto a sobrecarga do Sistema Único de Saúde (SUS) e o tempo de espera para início da terapia, principalmente por ser uma patologia que é diagnosticada já em fase avançada. Conclusão: A análise de pacientes com MM em Feira de Santana-BA destacou um tempo médio de 43 dias entre diagnóstico e início de tratamento, com um curto intervalo entre consultas. Esse tempo reduzido faz total diferença para o desfecho clínico, mostrando um serviço efetivo, que pode reduzir os gastos do orçamento público. A presença de comorbidades reforça a necessidade de um início rápido da terapia para melhorar os resultados clínicos, especialmente em estágios avançados da doença. A compreensão desses aspectos é fundamental para aprimorar as estratégias de diagnóstico, tratamento e atendimento a fim de garantir um impacto positivo para a sobrevida dos pacientes.