Cadernos de Linguística (Jul 2021)
O pretuguês e a internacionalização da língua e da cultura brasileira - afinal, que língua queremos internacionalizar?
Abstract
O artigo propõe uma revisão do ideal homogêneo de língua nacional. Para tanto, enviesa a discussão sob uma perspectiva decolonial (ALMEIDA, 2020; GOMES, 2009; GONZALEZ, 2020) sobre a constituição política, cultural e linguística de amefricanidade (GONZALEZ, 2020) como resultado dos processos de gramaticalização do português europeu em pretoguês, ao longo do período colonial até os dias atuais. Por este caminho, trata dos processos de gramatização (AUROUX, 2009) que inauguram o estatuto da Língua Portuguesa, em desconformidade com as transformações sofridas pela língua. Dessa forma, busca-se lançar luz sobre a ideia de língua nacional como uma amarra perpétua do laço colonial e escravocrata que funda a modernidade e seus desdobramentos no processo de internacionalização (e ensino) do português brasileiro como língua estrangeira, explorando como as intersecções entre língua e raça atuaram/atuam sobre o paradigma hegemônico instalado na ideia de língua nacional. E a partir desse lugar afrorreferenciado de língua e cultura brasileira pensar suas interfaces nos processos de internacionalização, bem como o entre-lugar (BHABHA, 2007) de mediação crítico-reflexiva do professor para uma postura antirracista no ensino do português brasileiro como língua estrangeira.
Keywords