Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

INVESTIGAÇÃO IN SILICO DOS TRANSTORNOS DEPRESSIVOS E ANSIOSOS NA COVID LONGA: O PAPEL DAS CITOCINAS

  • FDS Alvarenga,
  • MC Casotti,
  • ASS Zetum,
  • DRC Silva,
  • LS Batista,
  • GM Giacinti,
  • TDS Uchiya,
  • F Pesente,
  • ID Louro,
  • DD Meira

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S1233 – S1234

Abstract

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Introdução: Após a infecção por SARS-CoV-2, muitos indivíduos relatam a persistência de sintomas diversos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, quando esses sintomas perduram por mais de 3 meses, a condição é denominada COVID Longa (CL). Entre os sintomas neurológicos mais frequentes, destacam-se a depressão e a ansiedade. Pesquisas recentes identificaram genes e proteínas essenciais no desenvolvimento desses distúrbios, como citocinas e proteínas de fase aguda. Esses elementos estão intimamente ligados a processos inflamatórios e às vias de sinalização durante a infecção. Objetivo: Identificar na literatura os principais genes e proteínas envolvidos no desenvolvimento de distúrbios depressivos e ansiosos na COVID Longa. Materiais e métodos: Realizou-se uma curadoria manual no PUBMED, selecionando 48 artigos publicados entre os anos de 2020 a 2023, a partir de palavras chaves: (Long COVID OR Post COVID) AND (depression OR anxiety) AND (protein OR gene). Foram excluídos os artigos que não tinham essas palavras no título e/ou resumo. As proteínas e genes escolhidos foram aqueles citados pelo menos duas vezes e apresentavam descrição de sua possível correlação com depressão e ansiedade na CL. Após a curadoria, os genes e proteínas foram transferidos para o banco de dados UNIPROT, onde foram coletados os códigos de identificação, com posterior transferência para o Cytoscape. Após a sequência dos critérios topológicos pré-estabelecidos houve a confecção das redes de interação proteína-proteína. Resultados: A curadoria culminou na coleta de 50 proteínas/genes, entre elas, o fator necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina-6 (IL-6), interleucina-1β (L-1β) e proteína C reativa (PCR). O STRING APP, identificou 50 nós e mais 100 interatores foram adicionados. O enriquecimento funcional demonstrou relação com o processo inflamatório, bem como as vias Janus Kinase/Signal Transducer and Activator of Transcription (JAK/STAT) e Toll-Like (TLRS) durante a infecção. Discussão: A inflamação crônica induz o aumento de espécies reativas de oxigênio (ROS), neuroinflamação e neurotoxicidade. Entre as citocinas envolvidas nesses processos, o TNF-α é uma das primeiras produzidas por linfócitos, macrófagos, astroglia e microglia durante a fase aguda da doença, Essa citocina interfere na permeabilidade da barreira hematoencefálica (BHE); responsável na penetração da IL-6, IL-1β e PCR que progridem a inflamação. Vale destacar que esses genes foram associados a COVID grave, e quando persistente, são capazes de interferir nas vias bioquímicas de serotonina. Para além, a interação das proteínas virais com as vias JAK/STAT e os TLRS, contribuem na manutenção do processo inflamatório. Esses processos podem alterar a plasticidade em áreas do sistema nervoso central (SNC) envolvidas nas emoções, como amígdala e córtex pré frontal. Desse modo podem contribuir nos transtornos depressivos e ansiosos na CL. Conclusão: Diante dos destaques supracitados, salienta-se a possível relação da inflamação crônica com danos neurais em áreas de controle emocional. Entre as proteínas envolvidas cita-se a TNF-α, IL-6 e IL-1β. Constata-se que a análise in silico dos genes/proteínas fornecem alvos relevantes para a prospecção de novos fármacos, bem como mecanismos ontológicos e funcionais envolvidos na progressão dos transtornos mentais.