Cadernos de Campo (Jul 2017)

As raízes colonialistas do projeto de patrimônio mundial de Mbanza Kongo

  • Bruno Pastre Máximo

Abstract

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Este artigo busca analisar os diferentes projetos sobre o patrimônio arqueológico de Mbanza Kongo feitos pelo governo de Angola, desde a independência em 1975 até o recente de tornar a cidade Patrimônio Mundial da UNESCO. No pós-independência, a narrativa sobre a cidade de Mbanza Kongo e o Reino do Kongo, em um primeiro momento, buscava se contrapor à visão colonial e desqualificar outras narrativas tradicionais kongo sobre a importância da tradição, classificando-as como ultrapassadas e aliadas com o colonialismo. Em meados dos anos 1980, seguindo até os dias de hoje, houve uma mudança radical na interpretação do governo sobre a cidade de Mbanza Kongo, que passou a ser valorizada pelo contato com os europeus, e com eles a incorporação do ensino, do catolicismo e das construções e etc. É esta narrativa, que retoma a narrativa colonial, a sustentada no atual projeto de tornar a cidade patrimônio mundial da UNESCO.

Keywords