Angiologia e Cirurgia Vascular (Dec 2017)

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL EM DOENTES COM LESÕES EM TANDEM: QUAL A IMPORTÂNCIA CLÍNICA E O RISCO DA REVASCULARIZAÇÃO EMERGENTE DA ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA EXTRACRANIANA?

  • Andreia Coelho,
  • Miguel Lobo,
  • Ricardo Gouveia,
  • Diogo Silveira,
  • Jacinta Campos,
  • Rita Augusto,
  • Nuno Coelho,
  • Ana Carolina Semião,
  • Evelise Pinto,
  • Alexandra Canedo

DOI
https://doi.org/10.48750/acv.52
Journal volume & issue
Vol. 13, no. 4

Abstract

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O acidente vascular cerebral (AVC) isquémico agudo no contexto de lesões síncronas, define-se como a combinação de estenose da artéria carótida interna (ACI) extra-craniana com trombo intracraniano. Apesar de corresponder a cerca de 10–20% de todos os AVC, a sua abordagem permanece controversa e variável de acordo com a experiência do centro. Na literatura, é consensual que a lesão com implicação imediata mais importante na apresentação clínica aguda é o trombo intracraniano. A revascularização intracraniana deve ser o mais célere possível, estando demonstrada a superioridade da trombectomia mecânica com stent retriever na oclusão de grande vaso da circulação anterior quando comparadas com a trombólise isolada. No entanto, no contexto de lesão aterosclerótica carotídea síncrona, é controverso o benefício e perfil de segurança do stent carotídeo emergente concomitante. O objetivo da presente revisão foi avaliar a importância clínica e os riscos associados a revascularização emergente da artéria carótida interna com recurso a angioplastia e stenting no contexto de lesões síncronas. Com esse objetivo foi realizada uma revisão da literatura existente utilizando a base de dados da Medline. Ultrapassar uma lesão da ACI extra-craniana e colocação de stent emergente parece ter uma elevada taxa de recanalização, mas é um procedimento time-consuming, podendo assim atrasar o tempo para a recanalização distal e potencialmente condicionar resultados neurológicos menos favoráveis. Na literatura, não existe evidência de uma melhoria do outcome do doente com o recurso a stent emergente no que concerne a recanalização intracraniana (Thrombolysis in Cerebral Infarction≥2b), outcome clínico (modified Rankin Scale≤2) e taxa de mortalidade aos 90 dias. Adicionalmente, expõe o doente a risco de complicações como AVC associado ao procedimento e hemorragia intracraniana. Conclui-se assim não existir atualmente evidência na literatura que suporte a realização de stenting carotídeo emergente no contexto de AVC devido a lesões síncronas.

Keywords