Angiologia e Cirurgia Vascular (Sep 2019)

TRATAMENTO DE ANEURISMAS COMPLEXOS BILATERAIS DA ARTÉRIA RENAL POR CIRURGIA EX-VIVO E AUTOTRANSPLANTE NA FOSSA ILÍACA. ANÁLISE DA NOSSA EXPERIÊNCIA NO PERÍODO DE 1/2010 A 12/2018

  • Marta Machado,
  • Rui Machado,
  • Daniel Mendes,
  • Arlindo Matos,
  • Pedro Pinto,
  • Miguel Ramos,
  • Paulo Príncipe,
  • Rui Almeida

DOI
https://doi.org/10.48750/acv.229
Journal volume & issue
Vol. 15, no. 1

Abstract

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Objetivo: Análise da experiencia no tratamento de aneurismas arteriais complexos bilaterais da artéria renal Introdução: Os aneurismas da artéria renal são uma entidade clinica rara, não estando definido na literatura de forma clara a sua epidemiologia, fisiopatologia e o melhor tratamento. Material e Métodos: Análise retrospetiva da base de dados prospetiva de doentes com o diagnóstico de aneurismas da artéria renal. Um total de 3 doentes com aneurismas bilaterais foram tratados cirurgicamente, procedendo-se a uma análise descritiva aplicada caso a caso. Resultados Caso clínico 1: Doente do sexo feminino, com 46 anos de idade, hipertensa arterial com diagnóstico incidenta de 2 dois aneurismas saculares da artéria renal direita e dois aneurismas saculares da artéria renal esquerda. Efetuou-se uma nefrectomia esquerda por via laparoscópica, em banca o rim foi perfundido e arrefecido com solução de Euro-Collins, tendo-se efetuado uma aneurismectomia e angioplastia com veia safena interna e implante do rim na fossa ilíaca esquerda. Quatro meses após foi realizado o tratamento do rim direito com realização de nefrectomia, por via laparoscópica, efetuou-se aneurismorrafia associada a aneurismectomia e pontagem renal com veia safena interna, prolongamento da veia renal com prótese espiralada de veia safena interna colhida na coxa e implantação do rim na fossa ilíaca direita Os pós operatórios decorreram sem intercorrências com patência renal bilateral. Caso clínico 2: Doente do sexo feminino, 38 anos de idade, hipertensa arterial com o diagnóstico incidental de dois aneurismas saculares da artéria renal direita e esquerdo. Efetuou-se uma nefrectomia esquerda por via laparoscópica tendo os aneurismas sido excluídos com clips de titânio de Yasergil associado a aneurismorrafia, e implante fossa ilíaca esquerda. Quatro meses após, foi realizado efetuando-se nefrectomia por via laparoscópica, e tratamento dos aneurismas por aneurismorrafia e prolongamento da veia renal com prótese espiralada de veia safena interna colhida na coxa, com implantação na fossa ilíaca direita Os pós operatórios decorreram sem intercorrências com patência renal bilateral Caso clinico 3: Doente do sexo masculino, com 33 anos, com o diagnóstico incidental em de 2 dois aneurismas fusiformes da artéria renal direita e dois aneurismas saculares da artéria renal esquerda. Foi efetuado nefrectomia direita, por via laparoscópica, os aneurismas foram isolados efetuando-se a laqueação da artéria polar renal por impossibilidade de reconstrução, e implantado o rim na fossa ilíaca direita. Dezassete meses após foi efetuada nefrectomia por via laparoscópica e tratamento por aneurismectomia associada a duas pontagens renais com veia safena interna e implantação do rim na fossa ilíaca esquerda. Os pós operatórios decorreram sem intercorrências com patência renal bilateral Discussão e conclusão O tratamento de aneurismas bilaterais é raro, tendo sido em 2014 publicado o primeiro caso de tratamento bilateral por autotransplante. Não há contudo estudos randomizados comparando a cirurgia in situ, ex-vivo e a cirurgia endovascular. No nosso centro, o tratamento de aneurismas da artéria renal complexos, que definimos como aqueles que necessitam para o seu tratamento de tempos de clampagem da artéria renal superior a 45 minutos, localizados em áreas da artéria não acessíveis à reconstrução in situ ou a tratamento endovascular normalmente localizados na bifurcação do tronco principal da artéria renal ou nos seus ramos iniciais, é efetuado através de cirurgia ex-vivo e autotransplante na fossa ilíaca e representa uma excelente terapêutica com morbilidade e mortalidade nula. A experiência em transplantação renal e cirurgia vascular é um requisito fundamental para o sucesso do tratamento.

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